Um L� brasileiro
RONALD MENDONÇA * Estando para detonar Sodoma e Gomorra, Jeová teve alguns encontros com Ló, a quem foi dada a oportunidade de evitar a destruição daquelas cidades marcadas por práticas, na época, não muito bem compreendidas. A missão de Ló era encontrar
Por | Edição do dia 16/03/2002 - Matéria atualizada em 16/03/2002 às 00h00
RONALD MENDONÇA * Estando para detonar Sodoma e Gomorra, Jeová teve alguns encontros com Ló, a quem foi dada a oportunidade de evitar a destruição daquelas cidades marcadas por práticas, na época, não muito bem compreendidas. A missão de Ló era encontrar um número xis de justos como ele e com isso aplacar a ira do Senhor. Lamentavelmente para os cidadãos sodomenses e gomorrianos, a quantidade de pessoas de bem encontradas pelo diligente Ló não satisfez as expectativas destruídas e, curiosa e desobediente, a mulher de Ló acabou transformada numa estátua de sal. De olho nos fatos recentes da pátria amada, é de se perguntar quem seria o Ló brasileiro, incumbido de costurar acordos com o Pai Eterno, tentando demovê-lo da hipotética intenção de varrer-nos do planeta? Apressadamente, selecionei algumas figuras carimbadas que ocupam os noticiários e, por isso, me pareceram mais aptas para a função. Pelas circunstâncias, FHC é o primeiro da lista. Desgastado, com tantos escândalos mal resolvidos e ainda mais sendo ateu confesso, o presidente não comporia o perfil de uma boa escolha. ACM, candidato de peso, impulsivo e truculento, com certeza não seria o justo dos sonhos do Senhor. Um outro nome lembrado para o papel de Ló, é o do habilidoso Jader. Não fora pelos milhões da Sudam e do Banpará além do ranário da mulher seria perfeito. Temerário para os nordestinos é o ex-ministro Serra. Até há pouco capengando nas pesquisas, há quem desconfie, na improvável hipótese de ser acolhido como interlocutor, de que ele não hesitaria em entregar o Nordeste em troca da preservação de outros sítios mais ao seu gosto. Na moita desde o governo do sogro Sarney, Murad, pela sua experiência em armar esquemas, teria o talhe quase ideal para ocupar o lugar do saudoso Ló. É, contudo, de se supor que as denúncias, antigas e novas, teriam sujado, definitivamente, a sua barra junto ao Poderoso. Se confirmadas as tramóias, ele e a mulher encabeçariam a lista do sal grosso. Com 24% de chance está o persistente Lula, a respeito do qual Deus deve estar se perguntando a quem atribuir esse grande milagre de um sujeito pobre e honesto sobreviver tanto tempo como um nababo, sem trabalhar, não sendo aposentado. Mesmo porque nem tem tempo de serviço e nem é deficiente. Sem me ocorrerem outros nomes e com o espaço acabando, remeto ao leitor a hercúlea tarefa de achar um Ló brasileiro, justo e com prestígio suficiente para nos livrar desse felizmente imaginário, fim. (*) É MÉDICO