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Nº 5694
Opinião

GERAÇÃO AMEAÇADA

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Por Editorial | Edição do dia 13/11/2019 - Matéria atualizada em 13/11/2019 às 06h00

Relatório do Unicef, o fundo das Nações Unidas para a Infância, mostra que, ao mesmo tempo em que registrou avanços em indicadores da infância nos últimos 30 anos, o Brasil ainda tem cerca de 27 milhões de meninos e meninas até 18 anos sem acesso a pelo menos um direito básico. O documento alerta também para risco de reversão de algumas conquistas, caso da queda recente em indicadores de vacinação, o que colaborou para o retorno do sarampo, e aumento da mortalidade infantil. Há ainda alertas sobre desafios não previstos em décadas anteriores, a exemplo do aumento do número de suicídios de crianças e adolescentes e problemas como bullying e cyberbullying.

De acordo com o Unicef, nos últimos 30 anos o Brasil teve avanços significativos, caso da redução da mortalidade infantil e do maior acesso à escola. Os desafios, entretanto, ainda são muitos. Dos cerca de 57 milhões de crianças e adolescentes no País, 27 milhões não têm todos os seus direitos respeitados, como o acesso à educação, informação, água, saneamento, moradia e proteção contra o trabalho infantil. Como exemplo, pode-se citar o fato de que o Brasil ainda soma 2 milhões de crianças e adolescentes fora da escola —destes, a maioria vem de famílias de baixa renda. Também é alto o número de homicídios de crianças e adolescentes. A cada dia, 32 meninos e meninas de 10 a 19 anos são assassinados no país. Em 2017, ano dos dados mais recentes disponíveis, foram 11.800 mortes. A maioria das vítimas são meninos negros, pobres, que vivem nas periferias e áreas metropolitanas de grandes cidades. A conclusão do relatório é assustadora: no Brasil é mais perigoso ser adolescente que adulto. O número de homicídios envolvendo jovens é maior do que países em guerra. A instituição afirma que é preciso investir em políticas integradas, com foco sobretudo em áreas mais vulneráveis. De fato, é preciso um grande esforço do poder público, em todas as suas esferas, para garantir uma vida minimamente digna a toda a população, mais ainda a nossas crianças e adolescentes. Caso contrário, continuaremos a sacrificar as novas gerações.

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