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quarta-feira, 30/07/2025 | Ano | Nº 6021
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ARTIGO

Gramática e poesia

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Sempre me perguntam por que motivo eu valorizo tanto a gramática no processo de produção de texto. Minha resposta às indagações passa pelas observâncias mais óbvias de um professor que está há décadas lecionando: a gramática é o alicerce do texto, é a estrutura pela qual passam os elementos essenciais do idioma. Isso significa dizer, meio paradoxalmente, que a obediência às regras gramaticais implica uma liberdade estilística, evidência vista entre os melhores escritores. A segurança com que escreveu Machado de Assis, Graciliano Ramos ou Guimarães Rosa nos leva a constatar o domínio desses três gênios da literatura sobre as regras da gramática. Eles mesmos nos ensinaram que a liberdade de criação precisa estar alicerçada sobre as rochas da técnica.

O professor e poeta Linaldo Santos também concorda com essa ideia, por isso lança o livro “A gramática em poesias”, uma coletânea de assuntos gramaticais sobre a qual cabem algumas observações. Com tópicos que vão da Fonologia até às funções das partículas “que” e “se”, passando por Morfologia, Ortografia, Sintaxe e Figuras de Linguagem, o livro esclarece para o estudante assuntos gramaticais de modo tão leve que só se justifica pelo talento poético do autor. Linaldo, por ser professor, tem uma didática simples e direta, entretanto é o formato poético o diferencial dessa obra, porque os assuntos se apresentam sem a complexidade característica dos livros técnicos. Aqui a regra geral é a simplicidade. Linaldo passeia por temas movediços com segurança e versatilidade. No capítulo “Termos essenciais da oração”, lê-se: “Sujeito significa/em sua grande função/é o termo sobre o qual faz-se uma declaração/não é difícil entender da palavra a intenção”. Sobre “Termos integrantes da oração”, poetiza: “O objeto direto/por favor, preste atenção/é ligado ao verbo sem ajuda de preposição/geralmente vem um pronome para sua indicação”. A respeito de regência verbal, esclarece: “Obedecer e desobedecer/tenha bastante atenção/são transitivos indiretos/‘a’ é sua preposição/sempre obedeça aos mais velhos para uma boa explicação”. Ensinando concordância, versifica: “Se o sujeito é formado por determinado numeral/indicando porcentagem/procure entender legal/o verbo pode concordar com o substantivo ou com o numeral/50% da população podem estudar/ou pode também/analise a oração e busque entender bem/persista, vá à luta/que a vitória sempre vem”.

O livro é uma garantia contra quaisquer equívocos a respeito de como se escreve corretamente, com autoridade e firmeza. Sua abordagem dos fatos do idioma permitirá um esclarecimento acerca dos principais temas. É obra abrangente, mas sem perda de qualidade analítica. Fruto do talento do autor, terá acolhida entre os estudiosos.

Como se vê, o professor Linaldo Santos não poupou dedicação ao livro. A intenção da obra que vem a lume é não só informar, mas também permitir – por meio da poesia – o acesso aos mistérios gramaticais de maneira lúdica. Nós, apaixonados pelo idioma, agradecemos ao autor a relevância da obra.

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