Opinião
Estresse e distresse

JOSÉ MEDEIROS (*) São tantos os fatores estressantes da vida moderna, do dia-a-dia agitado das cidades, que as reações orgânicas provenientes do estresse podem ultrapassar limites do que se pode aceitar numa pessoa saudável. Neste caso, tende a transformar-se em doença, o distresse, com desagradáveis e profundas repercussões no organismo. O termo distresse não é totalmente aceito por certo número de especialistas, mas ganhou notoriedade no meio jornalístico e social. Há palavras do vocabulário médico que alcançaram popularidade e sentido próprio no falar do povo. Entre essas palavras estão as viroses, o estresse e a coqueluche. Vejamos alguns fatos explicativos. Quando alguém se queixa de fadiga, irritação, indisposição, nervosismo, dor na cabeça, a pessoa que está ao lado salta com a observação: você está estressado, isso é estresse. E aconselha: tome isso, faça aquilo, controle-se, aprenda a lidar com esses transtornos da vida. Nem sempre se recomenda procurar orientação médica, que é o caminho mais seguro e mais razoável. Virose? Virose é outra palavra do âmbito da medicina. Atualmente, é guarda-chuva para muitos males. É rótulo para variadas manifestações febris, iniciais, de causa ainda ignorada, que atingem o aparelho respiratório. Espirrou, tossiu, está com a garganta inflamada, lá vem a afirmação: ?Você está com uma virose, pegou a virose?. Na linha médica, sabe-se que só exames laboratoriais e análises sorológicas acompanhadas de exames clínicos são capazes de detectar e diagnosticar moléstias viróticas. Em meio a tudo isso, os vírus são caixinhas de segredos não inteiramente reveladas. Ano a ano, ampliam-se conceitos, conhecimentos, avanços significativos nessa área de estudos. Ainda há muito a se conhecer. Até três décadas atrás, a palavra coqueluche significa doença infecciosa aguda, própria da infância; agora, essa moléstia foi vencida por milagrosa vacina. Conhecida como tosse comprida, era o terror das famílias, por muitas complicações e incômodos que causava. Se a doença quase sumiu do mapa sanitário, o mesmo não se pode dizer da palavra coqueluche, que tomou novos sentidos figurados. Permanece na boca do povo, com outro enfoque. Quer exemplos? ? O restaurante tal é a coqueluche da noite. ? Essa nova peça de vestuário é a coqueluche do momento. ? O cantor... é a coqueluche dos adolescentes. Voltemos ao estresse e ao distresse. Nas doenças da pele, do estômago, do coração e outras mais, estresse causa grandes estragos, como fator predisponente ou determinante de agravamentos. Quando se vai ao cardiologista, ele fala dos chamados fatores de risco, entre os quais está o estresse. Nos idosos o efeito é bem mais intenso que nas demais idades. Pode-se afirmar que é inimigo irreconciliável de pessoas idosas. É indispensável tentar controlar o estresse. Vive-se uma só vez, o tempo é inexorável. O que se deseja não é só viver muito, mas viver com qualidade de vida, em razoáveis condições de desempenho. Esse é assunto que merece acurada reflexão. (*) É MÉDICO E EX-SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO E DE SAÚDE