Opinião
N�o � vulgar nem trivial

DOM FERNANDO IÓRIO * A sociedade tornar-se-á melhor quando soubermos rir de nós mesmos. O riso satisfeito vale mais que cem gemidos. O humor não é sarcasmo, nem gozação, nem ironia. Tem toque de lucidez. Equilibra-se entre o ingênuo e o amargo. O humor constantemente vivido é o sinal mais evidente da sabedoria de alguém. O humor não banaliza, já que é tecido de inteligência e elegância. Não é vulgar, nem trivial. Só o possuem os espíritos maiores. Pessoas com baixo nível intelectual ou pessoas, emocionalmente desequilibradas não conseguem ter senso de humor. Ter bom humor é possuir capacidade de apreciar, conscientemente, uma situação, estabelecendo certa distância do problema. Talvez fizesse a distância parecer que o humorista não levasse a sério as situações mais sérias da vida. Entretanto, tomando certa distância dos fatos que acontecem, ganha o humorista a capacidade de apreciar melhor o que se passa na sociedade. Quando se toma a distância correta dos fatos, aprende-se a relativizar o problema, sem supervalorizá-lo, estudando a situação no seu devido tamanho. Vendo a realidade no seu próprio tamanho, transforma os defeitos e os limites irreformáveis em jogo de palavras, em brincadeira. O humor mensura defeitos ou virtudes com a experiência do olhar lúdico, desfazendo as máscaras da aparência, para que o ser se apresente na sua nudez ontológica. O humor torna a vida mais leve, alegre, atraente, festiva. Charles Chaplin assegurava que estava sempre de bom humor, porque era a melhor maneira de resolver os problemas da vida. Advertem alguns psicólogos que o mal-humorado jamais deveria abrir uma loja. Outros estudiosos são de parecer que as empresas deveriam investir no bom humor de seus funcionários, jamais admitindo para o trabalho um candidato mal-humorado. Dizem até que pessoas que não sabem sorrir jamais deveriam abraçar o mundo do comércio: os vendedores que, de braços cruzados, esperam, arrogantemente, os fregueses, já fecharam as lojas. O bom humor é grande conquista da humanidade. Não é debalde que aquele misterioso sorriso dos chineses, rindo até de si mesmos, vem fazendo história, há mais de cinco mil anos. (*) É BISPO DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS