app-icon

Baixe o nosso app Gazeta de Alagoas de graça!

Baixar
Nº 0
Opinião

Desprezo no campo

.

Por Editorial | Edição do dia 07/12/2019 - Matéria atualizada em 07/12/2019 às 06h00

A Gazeta tornou público algo muito grave em relação ao desprezo que o governo Renan Filho vem destinando à agricultura familiar. Um bom exemplo do descaso está no MIPAS - Modelo de Irrigação, Produção e Aprendizagens.

O projeto foi financiado pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola, pertencente à ONU, e envolve cerca de 200 famílias remanescentes das áreas ocupadas pela obra do Canal do Sertão. Trata-se de algo pioneiro no campo da irrigação para agricultura familiar. O projeto bancado pela ONU chegou ao conselho do FECOEP, que aprovou a destinação de R$ 5 milhões para aquisição dos módulos de irrigação. Especialistas locais consideram esse projeto um laboratório fundamental para desenvolver técnicas de manejo da terra em áreas sensíveis à salinização, como as manchas territoriais agricultáveis próximas ao Canal do Sertão. Ação, portanto, estratégica para dar verdadeiro sentido àquele “rio” artificial, cuja obra ainda prossegue em direção ao Agreste. Em 2017, o governador esteve em Delmiro Gouveia e anunciou solenemente o repasse dos recursos aprovados.

O ato limitou-se à propaganda oficial e, até hoje, as famílias aguardam os tais módulos irrigados. No rastro da indiferença palaciana, vale recordar outro episódio que ocorreu em 2018. Técnicos da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura do Estado entregaram a Renan Filho um estudo extenso sobre diversificação agrícola. O documento oficial focou nos 52 municípios em que a monocultura canavieira predominava. O estudo traçou o mapa para implementar a substituição da matriz de produção agrícola, especialmente com banana, laranja, mandioca, abacaxi, coco, soja, milho e hortaliças. As recomendações apontadas pelos técnicos também não saíram do papel. Vamos a outro exemplo: a barragem do Bálsamo, em Palmeira dos Índios, é uma gigantesca lâmina de água praticamente sem uso.

Possui projeto para hortifruticultura irrigada, mas também continua na lista de promessas do governador, que conhece bem de perto a potencialidade socioeconômica desse manancial. Se houvesse compromisso de verdade, Renan Filho já teria avançado, desde seu primeiro governo, com a agricultura familiar. Muito menos reduziria o orçamento da Agricultura de 2020 a quase 50% do montante deste ano. Resta a melancólica conclusão de que falta mesmo vontade política para tirar do papel os projetos que geram empregos e oportunidades no campo.

Mais matérias
desta edição