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Nº 5693
Opinião

Andar de ônibus em Maceió

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Por Paulo memória. jornalista e cineasta | Edição do dia 13/12/2019 - Matéria atualizada em 13/12/2019 às 06h00

Podemos observar que muitas das situações que o usuário passa dentro de um coletivo, estão diretamente relacionadas às políticas de transportes de massa realizadas pelos poder público. Refiro-me as concessões para as empresas de ônibus, que tem como função transportar seus passageiros no âmbito dos perímetros urbanos das cidade. A responsabilidade dessas concessões é do executivo municipal, que possui esta inevitável demanda urbanística..

O que podemos observar, neste contexto, é a tarifa modal cara, como é o caso de Maceió, uma cidade com um grande fosso de desigualdade social e com um altíssimo nível de desemprego e uma péssima prestação de serviços por parte dessas empresas concessionárias. Os motivos desta prestação de serviços de má qualidade e de uma passagem com preços abusivos nas grandes metrópoles, ocorre muito em função das relações escusas existentes entre entre os entes públicos e a iniciativa privada. É sabido, notoriamente, que um dos setores econômicos que mais contribuem para as campanha eleitorais, tanto para executivo, como para o legislativo, são as empresas ligadas as atividades de transporte coletivo. Sabemos que as campanhas majoritárias e proporcionais, são fartamente regadas financeiramente pelas empresas de ônibus, tendo por objetivo eleger os representantes que irão garantir o monopólio empresarial neste segmento, com a garantia do retorno altamente lucrativo, proporcionado por esta atividade econômica. O que observamos é a monopolização do setor, por décadas, com as mesmas empresas dominando este mercado e as linhas que transitam no sistema de transporte municipal.

O monopólio desta prestação de serviços por poucas empresas, levam naturalmente a estagnação do sistema e falta de investimentos e inovações. Muito pelo contrário, o que se vê são ônibus ultrapassados, transformando a vida da população que depende desses veículos para se locomover, em um inferno sobre quatro rodas, sobretudo na locomoção entre a periferia e os centros das cidades. Enquanto não houver uma mudança na forma de licitação e concessão para a operação das linhas de ônibus coletivos, dificilmente teremos uma significativa melhoria de qualidade dos serviços prestados pelo setor à sociedade. É fácil para nós, que usamos o ônibus em nosso dia a dia em Maceió, percebermos as deficiências com as quais convivemos diariamente em nossa viagens nos coletivos.

O uso do transporte de massa é uma realidade para a maioria dos moradores metropolitanos, mesmo sem segurança nestas deslocações, como mostra o documentário “Ônibus 174”, que retrata o sequestro do ônibus desta linha no Rio de Janeiro por um dos sobreviventes da chacina da Candelaria, dirigido pelo direitista diretor José Padilha, cuja história foi dramatizada pelo cineasta Bruno Barreto em “Última Parada 174”, de 2008. Precisamos entender quais os motivos desta prestação de serviços ser tão precária, para exigir nossos direitos como cidadãos e a melhoria do sistema como um todo. A maioria dos habitantes de uma grande cidade vive parte significativa de sua vida dentro de um ônibus, por esta razão é fundamental termos um transporte de massa de qualidade. O povo, o principal interessado, agradece.

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