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Opinião

Fundo Eleitoral e desigualdade

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Por Marcos Davi Melo. médico e membro da AAL e do IHGAL | Edição do dia 14/12/2019 - Matéria atualizada em 14/12/2019 às 06h00

Ao ser perguntado recentemente por Pedro Bial qual seria a principal tarefa a ser realizada para o Brasil ser um País melhor, o sensato general Santos Cruz, afirmou: “A redução da imensa e trágica desigualdade nacional”. Jean Jacques-Rousseau, 300 anos atrás, em sua obra Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens, registrou que elementos como o acúmulo da propriedade privada e a divisão do trabalho possibilitaram o surgimento dos desfavorecidos em grande número, que passaram a lutar contra os muito ricos. Os ricos ludibriavam os pobres com o aceno da criação de uma sociedade política que ofereceria igualdade, no entanto essa igualdade nunca chegava. Em vez disso, a opressão e a desigualdade tornaram-se fatores permanentes na sociedade.

As ideias de Rousseau formaram a fonte de inspiração da Revolução Francesa e da Guerra da Independência Norte-Americana. Algumas sociedades têm reduzido as diferenças que separam os mais ricos da maioria da população, tornando a convivência social mais amena e estável. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das Nações Unidas, que mede o bem-estar da população com base em indicadores de saúde, educação e renda nacional bruta per capita tem o Chile com a melhor posição na América Latina. Infelizmente, o Brasil caiu ainda mais nesse índice. Com um aumento de apenas 0,001 em relação ao ano anterior, o país passou da 78ª para a 79ª colocação, entre 2017 e 2018, num total de 189 países avaliados. Quanto mais próximo o IDH for de um, maior é o desenvolvimento humano. O primeiro colocado no ranking geral de IDH é a Noruega (0,954), seguida pela Suíça (0,954) e pela Irlanda (0,942). Os três últimos colocados foram Chade (0,401), República Centro-Africana (0,381) e Níger (0,377). Na América do Sul, a primeira posição foi ocupada pelo Chile (0,847), seguido pela Argentina (0,830) e pelo Uruguai (0,808). Com IDH de 0,761, o Brasil ficou na quarta colocação, ao lado da Colômbia. Existem motivos para imensas preocupações. Sabe-se que uma das ferramentas fundamentais para reduzir a cruel desigualdade social é a prestação de serviços públicos. E quando uma soma imensa de recursos públicos ameaça ser retirada de áreas sociais, como a educação e a saúde, para ser direcionada para um Fundo Eleitoral, além da perversidade e da humilhação, depõe contra o Legislativo, que teve um ano muito produtivo com a aprovação da Reforma da Previdência e cujo presidente, no caso da Câmara, Rodrigo Maia, sai em périplo internacional para melhorar a desgastadíssima imagem brasileira no mundo. Uma incongruência a ser corrigida.

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