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terça-feira, 29/07/2025 | Ano | Nº 6020
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Opinião

Amor ao livro

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O destino dos livros seria o esquecimento sem a intermediação dos livreiros e dos bibliotecários porque o livro não tem pernas para andar sozinho.

O livreiro deve ser um incentivador da leitura, um apóstolo do saber. Os capixabas devem lembrar-se de Nestor Cinelli, o primeiro grande livreiro do Espírito Santo. Nestor vendia livros fiado. Muitos fregueses só pagaram a conta depois que se formaram. Dizem que, por causa da televisão, as pessoas estão lendo menos. Não sei. Televisão e livro são veículos diferentes. Na televisão eu não posso parar num quadro, como no livro eu me detenho numa página para relê-la e meditar no que li. Não posso na TV fazer algo como escrever notas marginais ao texto. Não posso colocar a televisão debaixo do travesseiro, como que para continuar a leitura durante o sono. Televisão eu não folheio. Televisão eu não levo comigo para o banco da praça, ou para o consultório médico, enquanto espero minha vez de ser atendido. Nem posso fazer algo como abrir uma página ao acaso, ou ler um trecho para a esposa, a avó ou a namorada. A televisão quer me dominar, não sou sujeito, sou objeto. O livro é dócil companheiro, conversa comigo. O livro não grita, não cassa minha liberdade, não quer fazer de mim um autômato. De televisão eu posso gostar. Amar, amar mesmo, só o livro eu posso amar. Não obstante a disparidade entre o público televisivo e o público que frequenta o livro, a influência dos textos produzidos pelo invento de Gutenberg impressiona e espanta. Não foi sem razão que, no decorrer da História, os livros foram censurados, apreendidos e queimados pelos déspotas. Ninguém sabe o nome dos déspotas que puseram fogo nos livros. Os livros queimados foram reeditados e até hoje são lidos. Devo a uma bibliotecária grande parte do amor que adquiri pelos livros. Eu a chamava de Dona Telma. Era a responsável pela Biblioteca Municipal de Cachoeiro de Itapemirim, minha cidade natal. Indicava-me, e aos colegas, os bons livros. Transmitia aos frequentadores de nossa Biblioteca Pública o gosto que ela própria tinha pela leitura. Ensinava-nos a conservar os livros com capricho, cuidado e carinho. Seria desejável que, em todos os municípios do Brasil, houvesse pelo menos uma bibliotea municipal. Sempre gostei de ganhar livros e doar livros. Recebo o presente de um bom livro como quem recebe um tesouro.

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