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Opinião

Poder e dinheiro fazem humanos mais desumanos

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Por José Lemos. professor | Edição do dia 14/01/2020 - Matéria atualizada em 14/01/2020 às 06h00

Há expressões utilizadas por nós, os Humanos, que nos jactamos de sermos superiores, inteligentes, a maior Criação do Criador, que me tiram do sério. Eu fico irritado quando chamam de “burro”, “besta”, “jumento”, “asno”, “anta”, alguém que é negligente, idiotizado, estúpido. Ou chama alguém violento de cavalo ou égua.

“Asno” e “jegue” são denominações populares atribuídas ao jumento. O Burro (macho) ou Besta (fêmea) será o animal resultante do cruzamento de um jumento com uma égua. Do cruzamento fértil de um cavalo com uma jumenta nascerá o “bardoto”. Em geral, de porte menor do que o jumento, por ser gerado e se desenvolver no ventre da jumenta que, por óbvio, é menor do que o de uma égua. Os muares (burros, bestas, bardotos) são animais híbridos e, por isso, não se reproduzem. Burros, Bestas, Cavalos, Éguas e Jumentos são animais muito inteligentes, de grande utilidade. Sendo bem tratados, são muito dóceis. São úteis como animais de montaria, carga ou de tração. A Anta é o maior mamífero terrestre brasileiro. Animal que se desenvolve em ambientes úmidos. A sua disseminação geográfica se estende do Leste da Colômbia (ao Norte do Brasil) ao Norte da Argentina e Paraguai (ao Sul do Brasil). Trata-se de animal de grande porte, que pode alcançar de 1,70 a 2,0 metros de comprimento, chegando a 1,2 metros de altura, e ter peso que pode alcançar 300 Kg.

Animal essencialmente herbívoro, útil e de refinada inteligência. Devido ao seu grande porte a Anta consegue se alimentar de frutos de vários tamanhos. A diversidade de sementes de frutos encontrados em suas fezes é grande. Por isso é um animal muito importante para a manutenção de florestas. Seus predadores naturais são as onças que comem principalmente os seus filhotes. Mas tem outro predador voraz que provoca estragos no avanço da sua população. Acertou quem imaginou que esses predadores só poderiam ser os mais “inteligentes”, os “seres superiores” : Os humanos. Portanto, jumentos, burros, bestas, asnos, cavalos e antas nada têm a ver com a conotação pejorativa que queremos lhes dar. Eles, como todos os demais animais silvestres (ou não), são incapazes de atacar outros animais se não for para buscar alimentação, ou para acasalamento visando a perpetuação da espécie. Devido nos achar os seres mais inteligentes, nos arvoramos ao direito de decidir sobre os tempos que devem durar as vidas de todos os outros seres que habitam este Planeta. Decidimos quando os bovinos, aves, suínos, ovinos, caprinos, peixes e outros animais, serão abatidos para saciar as nossas voracidades insaciáveis. Somos capazes de criar um animal de estimação e, num certo dia, decidimos matá-lo. Uma cena que me deixa perplexo é o fato de alguém criar uma galinha (poderia ser outro animal de estimação) num terreiro.

Todos os dias, por alguns meses, a galinha se acostuma ao chamamento da sua dona que lhe faz afagos e lhe alimenta. Um dia aquela mesma dona, com os olhos vidrados, imobiliza aquele animal, a coloca no seu colo e, armada com uma faca bem afiada, está pronta para lhe degolar. A galinha, que confiava na sua dona, achando que era sua amiga, ali presa, está ali imobilizada, sem nada poder fazer, a ver, com os olhos vidrados de pavor, sabendo que a pessoa em que confiou tanto, irá ceifar-lhe a vida. O que passará na cabeça daquele animal? Somos tão arrogantes e prepotentes que acreditamos que isso não acontece. Matamos o animal e nos deleitamos em banquete, como se nada daquilo tivesse acontecido. Assim como decidimos o tempo das vidas dos animais, decidimos quanto tempo viverá uma árvore. Somos tão “inteligentes” e dotados de tanta “sabedoria” que decidimos o tempo de vida da pessoa que dizemos amar. Inclusive, pais, filhos, irmãos. E nos tornamos mais insensíveis se o nosso objetivo, na nossa breve passagem por este Planeta, for adquirir poder e riqueza material. Poderosos, nos achamos diferenciados.

Com riqueza material, tendo contas bancárias polpudas, imóveis, carrões (ainda que adquiridos de forma ilícita), nos imaginamos superiores a todos os outros seres: humanos ou não. Passamos a nos achar “incomuns”. Aquela bobagem escrita na Constituição Brasileira, dizendo que todos somos iguais, não passa disso: Bobagem. Com poder, e com riqueza material (um decorre da outra e a outra decorre do um), nos avaliamos “mais iguais”, “incomuns”. E, nessa condição, achamos que devemos ter tratamento diferenciado. Os outros, bem os outros, não passam disso: Os outros. Esse julgamento que começou nesta quinta feira no STF, sob a “Presidência” de um Juiz (cujo maior feito foi jamais ter conseguido passar num concurso público para Juíz), é demonstração lapidada dessa assertiva. Para esses julgadores, alguns poucos brasileiros “devem ter tratamento diferenciado”. Esses privilegiados terão recurso fartos (não importa se amealhados ilegalmente) para pagar Advogados caros (não necessariamente competentes), despreocupados com as fontes dos recursos que os seus clientes “incomuns” utilizarão para lhes pagar os polpudos honorários. Mas para “dirimir qualquer desconfiança” acerca dos verdadeiros objetivos dessas reuniões daqueles “velhacos” (devido ao que têm nas cabeças) “togados”, o Presidente do Tribunal se antecipou avisando que tudo que será tratado e decidido ali ocorrerá de forma “Abstrata”.

Avisou que “não há interesses específicos” em jogo. Ele, como os demais que ali estão, avalia que nós da planície, os “comuns”, acreditaremos. Para o meu gosto, como exemplares de inteligência, decência, dignidade, sabedoria e utilidade para a humanidade, eu prefiro as Antas, Burros, Bestas, Asnos, Cavalos e Éguas, àqueles senhores e senhoras poderosos da Alta Corte.

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