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Opinião

ACESSO DESIGUAL

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Por Editorial | Edição do dia 17/01/2020 - Matéria atualizada em 17/01/2020 às 06h00

Diagnóstico apresentado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) aponta que o acesso à educação, ao emprego e à saúde nas 20 maiores cidades brasileiras se dá de forma desigual quando são analisadas pessoas de diferentes faixas de renda e grupos raciais.

O estudo mostra que há um padrão: pessoas brancas e de renda mais alta têm acesso a essas oportunidades e serviços mais próximos de casa. As desigualdades variam muito entre cidades brasileiras, mas são marcantes em praticamente todas. Segundo o Ipea, as oportunidades de emprego estão concentradas nos centros urbanos, exigindo maiores deslocamentos e provocando maiores desigualdades. No Rio de Janeiro, por exemplo, os 10% mais ricos têm três vezes mais empregos disponíveis a uma distância de 30 minutos de caminhada a partir de onde moram que os 40% mais pobres, o que pode estar relacionado à presença de comunidades pobres mais próximas da região central. As desigualdades raciais também ficam claras quando os deslocamentos são analisados. Em Belo Horizonte, Curitiba e Campinas, a população branca tem uma oferta duas vezes maior de serviços de saúde de alta complexidade a uma distância a pé de até 60 minutos de suas residências que a população negra.O transporte tem caráter social muito grande porque a população de mais baixa renda mora na periferia.

A maioria das viagens é realizada pelo transporte coletivo. Os resultados apontam para importância de futuros estudos que investiguem em que medida essa desigualdade nos tempos de viagem é resultado de diferentes níveis de segregação espacial e de acessibilidade dos bairros nas áreas metropolitanas brasileiras. Os pesquisadores sugerem que uma política de longo prazo que pode reduzir esse problema é o investimento em um desenvolvimento urbano que desconcentre as oportunidades. Eles observam que, nas periferias das cidades, sobram moradores, mas faltam oportunidades e há uma oferta muito menor de serviços públicos de educação e de saúde, e a oferta de serviço de transporte público é mais limitado.

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