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Opinião

Retrocesso no tempo

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Por Editorial | Edição do dia 18/01/2020 - Matéria atualizada em 18/01/2020 às 06h00

O fenômeno da seca no Nordeste do Brasil possui relatos que remetem ao século XVI. Após uma sucessão de histórias dramáticas sobre os reflexos das prolongadas estiagens na região, o País ainda iria se deparar com algo mais grave.

Nos idos de 1877, em pleno período monárquico e sob o comando do imperador D. Pedro II, a tragédia da seca foi fatal para, pelo menos, meio milhão de seres humanos. Entre os sobreviventes, milhares partiram para outras localidades brasileiras.

A partir de então, o Império, prometendo até empenhar as jóias da Coroa, instituiu comissão para estudar abertura de canais, com a intenção de conectar o rio Jaguaribe ao São Francisco. Mais adiante, na República, ocorreram a perfuração de poços, a construção de açudes e cisternas, com vista à mitigação dos efeitos da seca.

Não obstante às ações que marcaram sucessivos governos em relação ao fenômeno natural do clima nordestino, a menção histórica regional é motivada para examinar algo local. Por aqui, ocorre a inusitada documentação de uma gestão pública ineficiente, comprovada e assinada pela própria caneta do governador de Alagoas.

Sobre a mesa de Renan Filho, em 2015, diante da falta d’água, encontrava-se o decreto de reconhecimento de 36 cidades em situação de emergência. No Diário oficial do último dia 14, pela mesma causa de cinco anos atrás, consta a decretação governamental de emergência em 41 cidades do Estado.

A ineficiência levou à paralisia e ao retrocesso, mesmo tendo orientação técnica para traçar outro caminho e escrever nova história. Em 2017, uma equipe da Secretaria de Planejamento, coordenada pelo economista Cícero Péricles, produziu estudo sobre o Canal do Sertão, cuja obra Renan Filho recebeu com mais de 100 quilômetros concluídos. O Estudo faz um diagnóstico, identifica dificuldades e lista providências a serem adotadas. São recomendações fundamentais para avançar na disponibilidade hídrica e levar desenvolvimento onde estão os municípios castigados pela prolongada estiagem. Se os assentamentos e as áreas irrigadas não saíram do papel, a gestão e o uso adequado do Canal do Sertão permanecem fora do nosso mundo real, que ainda precisa recorrer aos velhos carros-pipa para socorrer vidas. E assim vai transcorrendo o cotidiano, com a lamentável constatação de que o tempo parou fora do Instagram governamental.

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