Opinião
SINAIS EXTREMOS
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A capital paulista tem vivido momentos de caos nas últimas horas por causa das fortes chuvas que tiveram início no fim da tarde de domingo. Segundo os meteorologistas, foi o maior volume de chuvas no mês de fevereiro dos últimos 37 anos.
Para especialistas, episódios extremos como esse tendem a se tornar cada vez mais frequentes por causa do aumento da temperatura do planeta, e, na maioria dos casos, o poder público tem falhado em implementar medidas para se adaptar a essas mudanças. O fato é que nenhuma cidade está preparada para chuvas intensas. A maior parte do solo está coberta por pavimentação, seja asfalto seja paralelepípedos, por isso tantos alagamentos. A população também contribui para o cenário de caos ao jogar lixo na rua, obstruindo galerias e bocas de lobo. Enquanto isso, habitações precárias, muitas delas em encostas e outras áreas de risco, são um convite a tragédias. O fato é que o clima mudou. O aumento da frequência dos eventos extremos é o principal sintoma das mudanças climáticas – que vão muito além do calor. Modelos climáticos explicam, por exemplo, como o aumento médio de temperatura da Terra leva a invernos mais rigorosos, como tem acontecido. O ano de 2019 encerra um período de dez anos que confirma a aceleração da crise climática. Dez anos de “calor global excepcional”, degelo e aumento recorde do nível do mar, conforme observado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), em seu relatório sobre o Estado do Clima Mundial. O que se vê são chuvas torrenciais localizadas que provocam enxurradas e inundações. Furacões mais frequentes e mais fortes, que chegam a regiões antes seguras, como o oeste da Europa. A comunidade científica já mostrou que os extremos de chuvas estão ficando mais intensos e frequentes, entretanto as autoridades insistem em ignorar isso. Em geral, os governos são mais reativos que proativos, e prevenção é muito raro nas comunidades. É preciso, porém, estar preparados para reduzir a vulnerabilidade da população.