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Opinião

Recordações do Carnaval

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Por MILTON HÊNIO. médico e membro do Conselho Estratégico da Organização Arnon de Mello | Edição do dia 22/02/2020 - Matéria atualizada em 24/02/2020 às 14h21

Estamos em pleno Carnaval. O Brasil inteiro para de pensar em seus problemas e se entrega totalmente à folia. São quatro dias em que o brasileiro deixa pra lá suas dívidas, suas angústias e se mete no meio do povo procurando alegria. Agora, em tempos modernos, com a preocupação com a violência, causada por psicopatas drogados, a situação ficou difícil.

A turma da minha idade aproveita esses dias para descansar e recordar. É que chegou para nós o tempo da descida da ladeira, tão esperado e tão temido. Tempo de recordações que faz bem ao espírito. Os carnavais dos anos 50 e 60, aqueles que vivi com entusiasmo numa Maceió em que todos se conheciam, eram carnavais em que se misturavam a alegria e o contentamento. Nessa época eu era estudante do Colégio Guido e posteriormente estudante de Medicina, quando me formei em 1962.  E as músicas tinham letras bonitas com toques sentimentais, românticos e poéticos. Vejamos algumas: “Quem sabe sabe conhece bem, como é gostoso gostar de alguém”. “Tenho uma coisa para lhe dizer, mas não digo não porque faz mal ao coração”. Soltando minha memória vejo desfilar as cenas que emolduraram minha vida de jovem: o corso com trocas de serpentinas, confetes e jatos de lança-perfume, os tipos populares e os grandes foliões como Fusco, Alipão, Rubens Camelo, Zé Simões, Setton, Bráulio Leite e tantos outros que faziam parte tradicionalmente dos nossos carnavais. As orquestras distribuídas pela rua do Comércio dentre as quais era destaque a da Polícia Militar, sob a batuta do Maestro Nicácio, as matinês da Fênix e os animadíssimos bailes do Iate, os gostosos sorvetes da Primavera, Bar Elegante, DK1 e Xangai, onde a juventude fazia ponto de encontro refrescando o corpo e alegrando a alma com papos agradáveis. Atualmente, o Pinto da Madrugada, os Seresteiros da Pitanguinha e o bloco Vulcão, da Polícia Militar, estão tentando e com sucesso reviver aqueles fabulosos tempos.

Aos foliões um conselho: beber em excesso dá muita ressaca, cabeça pesada, boca com forte amargor. Por onde passa, o álcool causa baderna no organismo. Dentro da cabeça ele agride os neurônios, daí a tonteira e a falta de equilíbrio. Com o álcool, os vasos sanguíneos do cérebro se dilatam e pulsam, detonando dor de cabeça. Portanto, ao dirigir alcoolizado pense três vezes antes de pegar o volante. Tenha certeza que as consequências serão inevitáveis. 

Hoje é sábado de Carnaval. Muita gente vai estar de ressaca sem ter brincado ou bebido. É a ressaca da alma. Tristeza por um amor desfeito, um filho drogado, uma dívida contraída, enfim, uma frustração.

Lembre-se, meu caro leitor, de que depois do Carnaval a vida vai continuar. Assim, viva de olhos bem abertos para tudo que é belo ao seu redor. E procure ser feliz respirando sem pressa a brisa da manhã; olhando com entusiasmo a beleza de uma flor que desabrocha, o canto dos pássaros, as estrelas que encantam a beleza do céu. E caminhe feliz pela estrada da vida.

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