app-icon

Baixe o nosso app Gazeta de Alagoas de graça!

Baixar
Nº 0
Opinião

Todo arquiteto é um servidor público

.

Por Márcio Carvalho. arquiteto | Edição do dia 27/02/2020 - Matéria atualizada em 27/02/2020 às 06h00

Projetar é um ato transformador. Todo projeto prevê a transformação de uma coisa em outra. De um terreno ou casa em um edifício, de uma quadra em um complexo multiuso, de uma área rural em um bairro.

Óbvio? Banal? Eventualmente. Mas o que escapa à obviedade é que toda transformação deveria deixar um saldo social positivo. A transformação de algo, em algo melhor. Projetar, em arquitetura e urbanismo, é decidir a transformação da cidade. Ao assinar um projeto, o arquiteto está assinando um termo de responsabilidade pela transformação da imagem da cidade naquele espaço e seu saldo social. Nisto mora uma singularidade importantíssima que distingue arquitetos e urbanistas das demais profissões com aptidões projetuais. São os únicos que recebem a formação adequada para exercer tal responsabilidade. O diploma de arquiteto e urbanista é uma procuração conferida pela sociedade para intervir na paisagem da cidade em seu nome. Ela prevê toda a liberdade e aspecto lúdico da profissão, a aura mística do ser criativo, mas também estabelece este compromisso ético. O direito à cidade e o direito à qualidade da paisagem, mais do que uma discussão ideológica, é uma pauta ética basal. Boa arquitetura, acima de tudo, é positiva, propositiva e contribui com a construção contemporânea de cidade. Todo arquiteto é um servidor público. Ao olhar a paisagem urbana, reconhecemos nela personalidade de seus arquitetos. Seu ofício lhes confere este status, portanto, demanda igual compromisso. Sabemos que a transformação urbana não é optativa, ela é compulsória, orgânica e veloz e mesmo acostumada com isto em diversas áreas, a sociedade se assusta, talvez não por medo da transformação, mas certamente por medo de decisões equivocadas de seus procuradores. Cabe à sociedade demandar, apoiar, fiscalizar e se engajar com seus arquitetos e urbanistas, e, sim, cobrar um bom uso da procuração que lhes foi conferida. Eles estão preparados.

Mais matérias
desta edição