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quarta-feira, 25/06/2025 | Ano | Nº 5996
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Opinião

MEMÓRIAS ESQUECIDAS

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Outro dia, relendo Dom Quixote de La Mancha, enxerguei a mim próprio flutuando em várias passagens da obra, chegando ao ponto de imaginar valer a pena, de alguma forma, tentar modificar o mundo e assim o fazendo, não estaria praticando atos de loucura, utopia, mas sim de justiça.

Ainda nos bancos escolares, aprendi que diferentemente da Espanha, Inglaterra, Portugal ou França, o Brasil nasceu como uma colônia, ou seja, uma comunidade, a gravitar em torno de um centro distante, a Metrópole, cujos habitantes, exerceram sobre os nativos, um domínio político, econômico, religioso e inclusive cultural. Nesse sentido, as primeiras representações da terra do pau brasil, foram produzidas por um olhar estrangeiro, a partir de padrões estéticos e de valores gerados em outros contextos. Enquanto as cidades europeias solidificavam forças em construções imponentes que personificavam suas imponências, os lusitanos ou outros aventureiros que por aqui passaram edificavam estruturas que nem de longe imitavam em exuberância aquelas existentes no além-mar. Lá, eles sempre cuidavam dos prédios que externavam suas grandezas, aqui nem tanto, deixando tal despropósito como legado. Na minha infância em Maceió, encantei-me com as mansões da Rua do Imperador, Ladeira do Brito e Praça Sinimbu, com os casarões do bairro de Bebedouro e tantos outros como o prédio da Intendência, Instituto Histórico e a residência de Théo Brandão na Avenida da Paz. Em menos de cinco décadas, quase mais nada existe, praticamente engolidos que foram pelo descaso do próprio homem. Dias atrás acompanhei pela imprensa a queda de parte do telhado do prédio secular que hospeda a Fundação Pierre Chalita, na Praça dos Martírios. Foi quando mais uma vez me senti como um personagem de Cervantes. Um pouco Dom Quixote e Sancho Pança. O primeiro, sonhador e idealista, de tanto ler romances de cavalaria e imaginar com feitos heróicos, perdeu a razão, passando a viver em busca de aventuras e duelos para provar o seu valor, enquanto o segundo, um homem do povo, realista, que via nas aventuras de seu amo, a expectativa do sucesso, procurando de alguma forma, ajudá-lo. Hoje, como presidente da Academia Alagoana de Letras, contando com apoio dos atuais integrantes da centenária Casa das Casas da Cultura alagoana, juntos, buscamos manter em estado habitável nos imóveis que nos pertencem, prioritariamente as sedes das Praças Deodoro e Sinimbu. O primeiro construído no final no século 19 e o segundo em 1916, erguido sob a orientação de Jorge de Lima, o maior poeta brasileiro. Ambos, nos dias atuais em péssimo estado de conservação, principalmente o mais antigo.

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