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Opinião

Curadoria financeira para famílias empresárias

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Por Everson Oppermann - vice-presidente da Câmara Brasil Alemanha no RS | Edição do dia 24/03/2020 - Matéria atualizada em 24/03/2020 às 06h00

“Morrer sem um centavo no bolso é o segredo de bem viver, mas errei o cálculo e o dinheiro acabou antes da hora”, dizia Jorge Guinle, um dia bilionário, que faleceu pobre, aos 88 anos de idade, vivendo de favor naquela que foi uma de suas últimas propriedades, o Hotel Copacabana Palace.

Hoje, há um novo normal macroeconômico no Brasil. Estávamos mal acostumados à taxa de juros de 14% ao ano, sem muitos riscos. Viver de renda financeira era boa escolha. Bastavam alguns investimentos, certa assessoria financeira, e a renda era suficiente para manter o padrão de vida almejado. Muitas famílias empresárias fizeram essa escolha, mas agora os desafios são diferentes. Como assegurar o mesmo patamar com juros de 4,25% ao ano? Famílias que criam empresas são famílias empresárias, que correm riscos ao empreender. Quando bem-sucedidas, promovem prosperidade para os que se dedicam à ela e aos que com ela negociam, além de gerar e distribuir renda a todos os interessados no negócio, inclusive o Estado. Hoje, é preciso mais do que assessoria financeira: entra em cena a chamada curadoria financeira, que cuida de todo o ciclo de vida do indivíduo e de sua carreira na empresa familiar. Afinal, quem cuida da carreira e das finanças de quem cuida dos negócios? Curadoria financeira é ficar atento a uma possível vida de 100 anos, 36,5 mil dias para cada membro familiar. Com 50 anos, cada um terá vivido 18,25 mil dias, 50% de seu tempo na Terra e, talvez, na empresa. Na fase produtiva, economicamente falando, cada familiar deverá desenvolver-se e enfrentar sete desafios econômicos: saúde, educação, habitação, proteção patrimonial e amparo pecuniário por seguro de vida, rendas por sobrevivência oficial e/ou complementar privada e patrimonial e de investimentos, cultura e lazer e, por fim, mobilidade.

Será a fase de produzir e de encaminhar rendas para preparar o período seguinte, quando haverá o declínio na capacidade de gerar recursos financeiros, e atuar e contribuir na vida da empresa passará a acontecer de forma diferente. Depois, até chegar aos 100 anos, será o tempo de utilizar o patrimônio acumulado para enfrentar, com sabedoria e conforto, cada um de acordo com suas possibilidades e escolhas, a melhor velhice possível. Fora isso, não existe nenhuma garantia de que alguém da família empresária ou do Estado cuidará de nós.

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