Opinião
SAÚDE PÚBLICA EM XEQUE

O diretor-adjunto da Organização Pan-americana de Saúde (Opas), braço da Organização Mundial da Saúde, Jarbas Barbosa, afirmou ontem que nenhum país estava pronto para enfrentar a pior crise de saúde pública da recente da humanidade. Ele se referia à pandemia de coronavírus, que já contaminou mais de 2 milhões de pessoas em todo o mundo, com mais de 140 mil óbitos.
Barbosa citou a cidade equatoriana de Guaiaquil como um exemplo do que pode ocorrer quando o sistema de saúde não se prepara para a pandemia. Centro da Covid-19 no Equador, a cidade litorânea, a segunda maior do país, enfrenta uma crise não apenas nos sistemas médico e funerário, com corpos amontoando-se nas ruas porque o governo não os consegue enterrar. As medidas drásticas que vêm sendo tomadas pela maioria dos governos, como quarentenas, cancelamento de eventos e aglomerações, fechamento de escolas, planos de contingência visam justamente diminuir a velocidade com que a epidemia se alastra, de modo que os serviços de saúde consigam absorver toda a demanda. No caso brasileiro, o País conta com um sistema universal gratuito de saúde e profissionais qualificados, mas existem gargalos como a insuficiência de leitos de UTIs, o baixo número de profissionais e até falta de equipamentos de proteção individual, como máscaras, luvas, aventais e óculos de proteção, que são essenciais para evitar o contágio dentro das próprias unidades de saúde. Outro problema é que o Brasil tem oferta maior de leitos na rede privada do que na rede pública, mas grande parte da população depende exclusivamente do SUS. Projeta-se no País um aumento do número de casos da Covid-19 nas próximas semanas, daí a necessidade da boa gestão dos recursos da saúde pública para que o sistema não entre em colapso. Evidentemente as ações na área de saúde devem ser complementadas com medidas econômicas e sociais, mas deve-se lembrar que é possível recuperar a economia, mas não se pode devolver a vida a quem sucumbir à pandemia.