Opinião
No século passado
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Há 33 anos, a então Secretaria da Saúde e Serviço Social do Estado de Alagoas, sob o comando do médico Ubiratan Pedrosa, realizava o 1º Seminário de Avaliação do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde. Era tempo de reorganização do setor no Brasil. O antigo SUDS sobreviveria até 1990, quando o presidente Collor sancionou a regulamentação do Sistema Único de Saúde, cujo princípio havia sido inserido na Constituição de 1988.
Dos temas elencados para avaliação do SUDS à época, destaque para os prédios impróprios e mal conservados, equipamentos e medicamentos em falta e máquina administrativa despreparada. Havia dificuldade para repor material de consumo e ofertar serviços de exames complementares. O desafio era, com custo mínimo, “produzir maior quantidade de tratamentos e medidas de prevenção de doenças”. Se o evento mencionado não tratasse de uma viagem ao túnel do tempo, com destino identificado, bem que os gargalos citados poderiam ser confundidos com o atual quadro da Saúde. É lamentável constatar uma espécie de volta ao século passado. Em tempo de Covid-19, basta citar o Hospital Hélvio Auto, especializado em doenças infectocontagiosas, que enfrenta ação da Defensoria Pública decorrente de grave situação de risco à saúde de pacientes, familiares e profissionais da unidade. Acontece que o vírus da incúria governamental já disseminou seus males pela estrutura de Saúde do Estado. Em outubro do ano passado, a Gazeta denunciou a Sesau por ter devolvido R$ 13,5 milhões ao governo federal. Enquanto que o HGE segue agonizando, o Lacen está sob investigação e a Uncisal, a Universidade de Ciências da Saúde - em petição de miséria - não possui recursos para aquisição de insumos. O Palácio ainda não estava de quarentena quando parlamentares desconfiaram de uma estranha movimentação de recursos da Educação e do Planejamento para as Secretarias de Infraestrutura e Transporte. Rebuscando o Diário Oficial, apontaram remanejamento de R$ 31 milhões, quase o valor suspenso, desde março, para pagamento à União do serviço da dívida pública. A pergunta que fazem: em tempo de emergência e prioridades em prol da vida, e de amparo aos sofredores de bolso vazio, por que tais recursos seguiram para pastas que são habitats das empreiteiras? Até agora, o silêncio padroniza a resposta. Se, antes do Coronavírus, o governador e sua tropa de choque já o adotavam como protocolo frente a controvérsias, avalie agora em efetivo distanciamento social.