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terça-feira, 08/07/2025 | Ano | Nº 6005
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O Brasil está sofrendo. E daí?

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Cinco e vinte da manhã e lá vem o sol emergindo do horizonte, garboso, trazendo luz à natureza. Na água, lentamente, as jangadas seguem desafiando a valentia das ondas rumo ao alto mar onde pescadores buscam o seu sustento e centenas de famílias. Em terra, os pássaros abrem o peito cantando louvores ao novo dia, enquanto as ararinhas voam em bando, afinando a orquestra barulhenta, que faz bem aos ouvidos da gente. É vida que dá vida à vida, a grande certeza do existir. Vida que também nos mergulha num oceano de incertezas que podem guiar para o melhor ou induzir ao erro. Quantas madrugadas insones perturbadas pela dúvida do que fazer quando o novo amanhecer chegar! Com o terror dessa terrível pandemia, o Brasil vive, talvez, a pior de todas as incertezas para entender uma verdade, um caminho que possa seguramente seguir. Enquanto a doença se expande, crescem as controvérsias e confusas informações. Não há uma resposta convincente que amenize um pouco a angústia vivida pela população. Em Israel, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, convocou seu maior rival, Benny Gantz, para se unirem na formação de um governo de emergência e, dando uma pausa na crise política, trabalharem unidos para salvar vidas e criar meios de subsistência dos cidadãos. Na Europa, países se deram as mãos apesar das divergências com o mesmo objetivo: concentrar esforços, recorrer à ciência, encontrar os meios possíveis para amenizar a dor das famílias e as consequências pós-pandemia. O Brasil optou por se aliar aos Estados Unidos, hoje, epicentro do Covid-19, que perdeu a conta dos óbitos. Não era meu propósito escrever sobre um tema tão delicado, mas também não posso deixar como cidadão de expressar meu incômodo diante de tantas reações esquizofrênicas, que assistimos nos últimos tempos no país. Como negar e minimizar as terríveis consequências do vírus, debochar das evidências científicas e sanitárias? Como criar crise pós-crise política num momento de pânico quando as atenções deveriam estar concentradas em aliviar a dor de milhares de famílias que perderam entes queridos? E os que ainda serão vítimas da truculência do vírus? Até acho que o Presidente Bolsonaro é uma pessoa bem intencionada que gostaria de prestar um bom serviço ao Brasil, retribuindo aos 57 milhões de eleitores que nele confiaram. Afinal, o país estava entregue a uma quadrilha. Entretanto, comprovadamente pelas atitudes constantes, isso não é possível... Seu cérebro tem uma aceleração vadia que só enxerga traidores, inimigos, conspiração, gente querendo roubar-lhe o brinquedinho de estimação, o Brasil. Não raciocina porque o farol foca 2022. Também não aprendeu que respeitar o outro, uma questão de educação que se aprende em casa e na escola militar onde estudou. Ninguém está sujeito a ouvir suas injúrias sujas e injustas. Bolsonaro não precisa renunciar e nem sofrer impeachment, seria péssimo para a já manchada imagem do país. Melhor optar, talvez por uma quarentena desfrutando as delícias do Palácio da Alvorada levando consigo seus amados filhos até a próxima eleição. Deixar a junta militar que já o “tutela” tomar conta das decisões relevantes juntamente com alguns dos bons ministros que compõem o governo, antes que sejam queimados por ele. Evitaria vomitar tamanha barbaridade ferindo os que perderam familiares com o corona: “E daí? Sou Messias, mas não faço milagre”.

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