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quarta-feira, 30/07/2025 | Ano | Nº 6021
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Opinião

De pires na mão

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O Senado da República vem debatendo sobre os caminhos pelos quais a administração pública deve seguir para desburocratizar e priorizar o empreendedorismo e a inovação. O que se percebe, ainda mais agora e de forma dramática, é que há temas imprescindíveis ao avanço nacional, como o desenvolvimento científico e tecnológico.

É algo pacífico o pensamento de que a nossa emancipação passa pela evolução educacional e a independência tecnológica. Veja o nosso SUS em um momento de provação: como garantir o acesso universal diante da dependência que o país possui em relação a equipamentos, produtos farmacêuticos e outros serviços inerentes ao atendimento no campo da saúde? “Em meio à crise do novo coronavírus, o país se viu dependente da importação de diversos produtos, muitos deles simples, como máscaras e luvas, além de respiradores”, desabafa o pesquisador Carlos Gadelha, da Fiocruz. Ele não vê como universalizar o atendimento, para 200 milhões de pessoas, sem base produtiva e tecnológica. A professora Ester Sabino, do Departamento de Moléstias Infecciosas da USP, ao defender o avanço da pesquisa no Brasil, cita a ausência de “laboratório nível 4 de segurança máxima”, que inviabiliza estudo com vírus de alto risco. “E se ocorrer alguma mutação que o torne mais transmissível para humanos?” Se a burocracia provoca o espantoso acúmulo de 200 mil pedidos de patentes, que aguardam decisão no Instituto Nacional de Propriedade Industrial, o vírus da falta de prioridade e da letargia contamina as pastas de ciência e tecnologia pelo Brasil afora. É triste também apontar o mau exemplo local, protagonizado pelo governo Renan Filho. Basta citar a vergonha em que se transformou o prédio do dito Polo de Tecnologia da Informação, Comunicação e Serviços, no bairro de Jaraguá. Permanece fechado, apesar dos sucessivos anúncios oficiais de inauguração. Em ritmo de tartaruga manca, a nossa indústria criativa, trombeteada como geradora de renda e emprego e de desenvolvimento humano, somente existiu, nesses cinco anos, no Instagram governamental. No meio da pandemia e de forma assertiva, o SENAI de alagoas garantiu suporte a um inventor de respirador mecânico, que agora fabrica as peças para o protótipo. Quando poderá ser produzido? A pergunta caducou na agência de notícias do governo, há mais de um mês. Na publicação, o Estado limitou-se a veicular apaticamente o endereço de uma “vaquinha eletrônica” para auxiliar na evolução do precioso invento - batizado de Respiral - que poderá salvar vidas. Ainda bem que o terceiro setor abraçou a ideia. Enquanto isso, no âmbito governamental – e muito antes da calamidade da Covid-19 -, a economia criativa, de pires na mão, já mendigava apoio e atenção.

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