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Nº 5702
Opinião

Qual o preço de seu sossego?

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Por Cristina Paranhos e Paula Gil Cocco Tirolli – psicólogas clínicas especialistas em terapia cognitivo-comportamental - @psicologiapais | Edição do dia 29/05/2020 - Matéria atualizada em 29/05/2020 às 06h00

“A alma não tem segredos que o comportamento não revele” (Lao-Tsé)

Quem nunca se deparou com uma cena na qual uma criança estava tendo um comportamento de birra? Pode acontecer em um shopping, supermercado, na casa de amigos e familiares ou na sua própria casa. Quando isso acontece geralmente os pais ou responsáveis ficam sem saber o que fazer, principalmente em local publico. Muitas pessoas são contrarias a presença de crianças em restaurantes, hotéis e outros espaços públicos por não tolerarem este tipo de comportamento, que são normais da infância. Do outro lado temos pais que são excessivamente permissivos e que não ensinam limites para os filhos. Já se perguntaram quem tem razão? O ideal não está no extremo de proibir a presença de crianças, mas certos locais exigem mais atenção e bom senso dos pais para escolher levar crianças. Estes devem se perguntar: esse local é apropriado para a faixa etária do meu filho? Não? Então escolha outro lugar. Meu filho irá ficar entediado em ficar quieto aqui? Sim! Opte por outro lugar que ele irá se divertir, para todos vocês terem momentos prazerosos. Devemos pensar nas outras pessoas que querem fazer uma refeição ou um descanso tranquilo. E isso não é errado. Voltando para as pessoas que preferem não conviver com crianças, fará bem ter um pouco de empatia, pois nem tudo é problema na educação dos filhos. Por exemplo, a birra é um comportamento normal no desenvolvimento da criança, geralmente ocorre na idade de um a quatro anos, quando eles ainda estão desenvolvendo seu vocabulário e não possuem a maturidade cerebral para se organizarem e se expressarem. Logo, por mais que os pais se esforcem para a criança não dar birra, uma hora ou outra isso pode acontecer. Vamos tentar olhar além do simples comportamento que nos chama a atenção, além do que os seus olhos estão vendo e observar que há uma família aprendendo a educar e lidar com as emoções e comportamentos de seu filho. Os pais e as crianças, nesse contexto, estão na maioria das vezes desconfortáveis e constrangidos por essas cenas serem recorrentes. Será que não devemos aproveitar estas oportunidades para trabalhar a nossa tolerância, não generalizando que todas as crianças são mal-educadas e os pais permissivos? E por onde anda nossa empatia, que é nos colocar no lugar do outro, tanto das crianças, quanto dos pais. E os pais que não dão limites, não está na hora de pensar que essa permissividade traz mais dificuldades na aquisição de habilidades sociais das crianças do que benefícios? Sabemos que os dois lados terão argumentos a favor da sua postura, mas como podemos solucionar isso de forma que nos traga bem-estar e boa convivência em sociedade? Podemos pensar em encontrar um equilíbrio entre estes extremos conflitivos. Se cada um buscar entender o problema do outro, mesmo que não possa resolve-lo, talvez tentar amenizá-lo, isso poderia equacionar melhor estes conflitos. Essas são perguntas para nos fazer refletir sobre que rumo estamos dando para a nossa sociedade, se é esse mesmo que queremos.

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