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Opinião

O conhecimento e as crenças

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Por Marcos Davi Melo. membro da AAL e do IHGAL | Edição do dia 27/06/2020 - Matéria atualizada em 27/06/2020 às 06h00

A mente humana é extremamente influenciável: o imperador romano César (100 a.C- 44 a.C), ao narrar a conquista da Gália (atual França), afirmou: “Geralmente os homens acreditam de bom grado naquilo que desejam”. César se referia ao poder de uma crença para mobilizar os seus soldados contra os ferozes gauleses, induzindo-os a que seriam invencíveis, poderiam tomar-lhes todas as suas riquezas e suas mulheres, o que o tempo mostrou ser uma falácia, pois a conquista da Gália jamais se concretizou. O general Heleno, um dos militares graduados no governo federal, em seu depoimento à PF, declarou que o presidente da República jamais teve dificuldades para fazer mudanças em seu aparato de segurança pessoal e familiar, desmentindo a versão presidencial para interferir na PF.

Pautar ações de acordo com a aquisição de conhecimento exige muito mais esforço e suor: H.von Hofmansthal (1874-19290 ) reconheceu: “Todo novo conhecimento provoca dissoluções e novas interações”. O relatório do TCU oficializa que no combate à pandemia do Covid-19 no Brasil inexistem diretrizes do governo federal, caracteriza inépcia nesse combate e pulverização de recursos. Essa condução sanitária brasileira é tão deplorável que chegou a ser exemplificada como mau exemplo pelo “amigo” Trump, que fechou suas fronteiras para brasileiros e ainda nos empurrou mais cloroquina. Foi o negacionismo do conhecimento que fez com que o desmatamento e o desprezo com o meio ambiente levasse dezenas de instituições financeiras mundiais que operam no mundo inteiro e que mobilizam U$$ 3,7 bilhões de dólares (o dobro do PIB nacional) a ameaçar retirar seus investimentos no Brasil, num momento no qual o FMI alerta que a queda do PIB brasileiro será de 9,1% em 2020. O que está dificílimo poderá piorar ainda mais. Foi uma crença de que Jair Bolsonaro representava uma Nova Política que o elegeu. O tempo tem mostrado ter sido mais uma crença falaciosa. A crença de que Bolsonaro seria o moralista que viria para restaurar os bons costumes e exterminar os males do mundo tem desmoronado a cada dia com o andamento das investigações da PGR/STF: ele não só incentivou como participou pessoalmente de manifestações antidemocráticas ilegais que estão sendo objeto de investigações. Muitos de seus aliados do setor privado e público, inclusive parlamentares, estão sendo acusados pelo Ministério Público Federal de desviar recursos públicos para essas ações ilegais e para alguns desses operadores da internet obterem lucros, formando o que o MPF intitula ser uma Organização Criminosa altamente estruturada. Essa mesma Organização Criminosa foi utilizada na veiculação maciça de fake mews, que propagam a desinformação, a polarização, a raiva, o ódio e a violência contra a democracia e contra os brasileiros que resistem à crença no pseudomoralista na Presidência da República, situação agora agravada com a prisão do famigerado Queiroz. Com muitos processos judiciais em andamento tendo como objeto de investigação o presidente da República, familiares, amigos e aliados, o cenário exige reavaliação de postura. Acuado. agora o presidente da República apresenta uma versão Paz e Amor, de conciliador e de respeito às instituições republicanas, antes criminosamente fustigadas. Essa seria a postura adequada para enfrentar tantos problemas nacionais, antes, agora e sempre. Começar a governar e descer do palanque eleitoral. Quanto tempo isso vai durar?

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