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Opinião

Reflexões em momento de pandemia

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Por Oswaldo Paleo. professor, consultor e mentor comportamental | Edição do dia 27/06/2020 - Matéria atualizada em 27/06/2020 às 06h00

Nestes dias de confinamento, envoltos na angústia que o momento proporciona, muitas relações estão sendo colocadas a prova e a decisão de sua permanência ou extinção seria mais bem conduzida se entendêssemos o protagonismos que até então exercemos nestes relacionamentos. A relação afetiva entre duas pessoas requer a superação de perdas que a mesma proporcionará. Conforme cita Simone de Boauvouir, “Todo êxito encobre uma abdicação”. Embora sejamos seres sociais aos quais necessitamos exercitar o convívio com os demais lhes incitando o desejo de sermos desejados ainda assim, nos envolvemos em um conflito reptiliano de sobrevivência onde os sentimentos egoístas e individualistas estão presentes em nossas atitudes e comportamentos. A ocorrência desses sentimentos nos leva a nos distanciar daqueles que em determinados momentos se tornam imprescindíveis para atender nossas manifestações emocionais e biológicas.

O caminho de nossa evolução através do autoconhecimento nos retroalimenta de forma suficiente para suprir nossas possíveis carências afetivas e biológicas. Embora a sensação proporcionada pelo maior alinhamento entre tempo, corpo e espírito seja similar a epifania de uma grande ideia, a mesma vem a comprometer a nossa atenção a aqueles que estão em nosso entorno fazendo parte do ambiente em que vivemos.

As pesquisas neurológias reforçam que uma das maiores dores que o ser humano reluta em superar é a dor da indiferença, pois ao longo de nossa evolução temos a compreensão de que para uma sobrevivência longeva precisamos compartilhar nosso ambiente com os outros seres da mesma espécie. Reforça essa proposição o psicólogo Leon Festinger como sendo um dos maiores medos dos seres humanos é o “medo de se perder como objeto de desejo dos outros”.

Como então resolver essa equação conflitante entre o egoísmo evolutivo e o altruísmo compartilhado? Acredito que possamos abandonar os extremos e nos posicionarmos em algum outro ponto intermediário, porém, evitando o estabelecimento de rotinas contínuas que possam nos levar a uma menos valia daqueles que seria considerado de “nossos melhores momentos”. Assim, nos tornamos mais ouvintes e menos conselheiros, porém plenamente presentes: sentimento, pensamento e atitude quando da troca de afagos e fluídos. Somos seres sentimentais e ambíguos, relevar e reconsiderar nossas atitudes e daqueles que conosco convivem deve ser o mantra de todo o dia, hora e minuto. Cita J. J. Rosseau, “Se a razão faz o homem é o sentimento que o conduz”. Para que tenhamos uma vida com momentos frequentes de felicidade, temos que intervir em nossas confusas manifestações. Como se propagandeia: “Gratidão gera gratidão”.

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