Opinião
Alteração do sono e sua relação com doenças
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Em 2017 o Prêmio Nobel de medicina foi destinado aos pesquisadores que demonstraram entre outras coisas, que alterações do sono e dos ritmos circadianos poderiam prejudicar a saúde, enfatizando o quão importante seria manter um adequado ciclo sono-vigília. Os ritmos circadianos diários, que controlam muitas das nossas funções fisiológicas, são também conhecidos como ciclos circadianos, ou seja, que ciclam em cerca 24 horas. Esses ciclos são regulados pelos genes “clocks”, nosso relógio biológico, e controlam uma variedade de processos biológicos, incluindo: ciclo do sono, função intestinal, temperatura, homeostase da glicose e de vários hormônios, função imunológica, entre outros.
A disrupção ou quebra desse ciclo circadiano, pode levar a inúmeras alterações metabólicas dentre elas: alteração no metabolismo da glicose e dos lipídeos, menor sensibilidade a insulina, aumento de pressão arterial, aumento do níveis de cortisol e das catecolaminas (estresse), aumento da inflamação, redução dos sinais de saciedade, podendo levar a alteração do comportamento alimentar e inúmeras doenças tais como, doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão arterial, transtornos mentais, ansiedade, depressão, menor consolidação da memória, obesidade, entre outros. Inúmeras evidências científicas tem demonstrado como a alteração no sono poderia influenciar no ganho de peso, por alterar as concentrações no sangue de dois hormônios: a leptina (hormônio da saciedade) e grelina (hormônio da fome – ver matéria anterior - obesidade e hormônios da fome e saciedade), além de afetar vários sinais neuroendócrinos como alterações no cortisol, catecolaminas, hormônios da tireóide, entre outros, podendo levar a redução do gasto energético, aumento da fome e redução da saciedade. A exemplo, um estudo mostrou que dormir menos que 6 horas ou dormir mais que 9 horas por noite, fizeram os indivíduos pular o café da manhã, aumentar a procura por lanches hipercalóricos e ricos em gordura e açúcar e reduzir o consumo de frutas, verduras e legumes, ou seja, levou a uma desregulação do centro de recompensa e do controle do comportamento alimentar, podendo levar ao ganho de peso e obesidade. Nesse contexto, fica evidente a importância de manter uma boa qualidade/quantidade de sono, assim como um sono reparador. Para isso algumas estratégias podem ser utilizadas para favorecer essa higiene do sono tais como: evitar uso de substâncias estimulantes como álcool, cafeina, cigarro, chá verde, refrigerantes, evitar excesso de alimentos, de atividade física ou de outras atividades estimulantes e extenuantes à noite, respeitar os relógios biológicos, manter horários regulares de deitar e acordar, evitar atividades que exijam alto nível de concentração antes de deitar, evitar uso de telas/TV/celular a noite, manter o quarto escuro e silencioso, utilizar chás com efeito ansiolíticos e sedativos tais como camomila, melissa, folha do maracujá, mulungu, capim limão, uso de adaptógenos para auxiliar na modulação do cortisol (ver matéria anterior sobre estresse), aromaterapia, praticar meditação, entre outros.
