Opinião
Síntese de uma revolução latina
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Para fazer uma análise marxista é necessário dialética e materialismo histórico. A dialética de Hegel, caracteriza a realidade como um movimento contraditório e a resume em três momentos (tese, antítese e síntese), onde a tese é o pensamento hegemônico, que é desafiado por uma antítese e produz uma síntese que é o resultado desse embate, uma soma zero, portanto, algo novo. Ao analisarmos as vitórias da Revolução Cubana em um mundo pós soviético e com o advento do término das Grandes Guerras e da Guerra Fria, constatamos que o mundo não é mais o mesmo de antes.
Em Cuba na década de 50, começou um movimento revolucionário histórico, emancipatório e patriótico conduzido por seu comandante Fidel Castro em 1959. A Revolução Cubana, inicialmente de caráter nacionalista, derrubou o ditador entreguista Fulgêncio Batista, representante dos interesses dos EUA, no poder desde 1952. Em 1961, os EUA rompem relações com Cuba para sufocar sua economia e tentam derrubar o novo governo, resultando em um alinhamento com a União Soviética. A lógica da geopolítica da época era a bipolaridade entre as superpotências capitalista e socialista. Tudo empurrava Fidel, que não tinha aspiração comunista, no sentido de seguir este caminho. Já o médico Ernesto “Che” Guevara, seu companheiro revolucionário argentino, consolidou suas posições anti-imperialistas através de uma viagem pela América do Sul, que o despertou para a injustiça do domínio dos EUA no hemisfério sul e para o colonialismo que causavam muito sofrimento. Ao fim da viagem, Che vê a América Latina não mais como um conjunto de nações, mas como uma entidade unitária que urgia de uma estratégia de libertação continental. Abandonou a medicina e considerou a política como os meio mais prático para diminuir o sofrimento humano. Antes de comunista, considero Che o primeiro bolivariano do século XX. Precisamos do patriotismo inclusivo e que aceite a diversidade enriquecedora, que almeje a integração sadia entre os povos. O que observamos é uma falsa integração com os países periféricos, obrigados a aceitar o que vem do Norte global como melhor do que o que temos aqui. Uma globalização de via única, onde países em desenvolvimento tornam-se depósitos da ambição de países centrais, o que Lenin define como imperialismo. O capitalismo que outrora explorava a classe trabalhadora dos países centrais, responsável pela destruição do meio ambiente nessas regiões, foi substituído por uma forma de exploração que blinda esses países de reivindicações populares legítimas ao ceder direitos aos trabalhadores e deslocar as indústrias e a exploração mais vil para países periféricos, onde o trabalhador é submetido pelo capital internacional a ocupar as etapas mais degradantes da produção na divisão internacional do trabalho. Ao manter as indústrias de ponta e os melhores empregos nos países centrais, o sistema capitalista subjuga nações através do capital financeiro especulativo e da ideologia liberal de livre mercado. As mercadorias que inundam o mercado global são produzidas através da exploração brutal dos trabalhadores em países em desenvolvimento. Precisamos forjar um internacionalismo para a classe trabalhadora, considerando que o internacionalismo do capital é defendido como bom e irrefutável, por representar os interesses da elite global.