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Nº 5693
Opinião

Existe a melhor dieta para saúde cerebral?

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Por Revilane Alencar Britto – nutricionista, com doutorado em Ciências Endocrinológicas - UNIFESP/EPM | Edição do dia 15/09/2020 - Matéria atualizada em 15/09/2020 às 06h00

Estima-se que nos próximos 30 anos a população idosa dobrará, o problema é que em paralelo ao envelhecimento populacional, o número de pessoas com declínio cognitivo aumentará exponencialmente nas próximas décadas. A prevalência de demência atinge quase 50 milhões de indivíduos no mundo, sendo o Alzheimer a mais prevalente. Os fatores de risco bem estabelecidos para as demências são idade e história familiar da doença (principalmente em familiares de primeiro grau afetados). Dentre os fatores de risco comportamentais citados na literatura encontram-se: o tabagismo, uso abusivo de álcool, dieta inadequada, hipertensão, hiperglicemia, dislipidemia, síndrome metabólica, estresse oxidativo, estado pró-trombótico e pró-inflamatório, hiperhomocisteinemia, excesso de peso, entre outros. Estudos tem demonstrado um aumento do risco de aproximadamente 2,5 vezes de demência em indivíduos com excesso de peso.

Sabemos que a idade e hereditariedade não podemos modificar, por outro lado, podemos melhorar nosso estilo de vida com o intuito de minimizar os possíveis fatores de risco comportamentais, dentre eles: evitar o tabagismo, álcool com moderação, manter-se física e mentalmente ativo, controlar o peso, manutenção dos níveis pressóricos adequados, manter níveis de colesterol, triglicerídeos, glicose, hemoglobina glicada, homocisteína, proteína c reativa entre outros marcadores bioquímicos dentro da normalidade, gerenciamento do estresse e evitar o padrão dietético do tipo ocidental (alimentos hipercalóricos, hipergordurosos, ricos em alimentos refinados e ultraprocessados). Dentro desse contexto, será que existe um padrão dietético ideal para otimizar a saúde cerebral? Dados epidemiológicos sugerem que a adoção de um estilo de vida saudável, uma dieta equilibrada poderia melhorar parâmetros cardiometabólicos, inflamatórios e pró-oxidativos e consequentemente auxiliar na prevenção do declínio cognitivo. Apesar de não existir uma dieta ou estilo de vida comprovado em ensaios clínicos randomizados que possam tratar ou prevenir as demências. Particularmente três padrões dietéticos tem sido descritos na literatura com esse papel. A “Dieta DASH”, considerada o padrão dietético para parar a hipertensão, é caracterizada pelo baixo consumo de açúcar, gordura, colesterol e sódio, alto consumo de cálcio proveniente de leite e derivados com baixo teor de gordura e maior consumo de frutas e vegetais frescos. A “Dieta Mediterrânea” que é um padrão alimentar consumido em países ao redor do Mar Mediterrâneo, onde os estudos indicam que maior adesão à dieta do Mediterrâneo está associada a melhora da cognição e memória e um risco menor de doenças neurodegenerativas e é composta pelo alto consumo de gorduras boas principalmente as monoinsaturadas, proveniente do azeite de oliva, abacate, consumo de ômega 3 proveniente de peixes de águas profundas, oleaginosas (castanhas, nozes, etc), além de frutas e vegetais frescos e vinho com moderação. E o mais recente padrão dietético em estudo é a “Dieta MIND” (que traduzindo seria intervenção para retardar doenças neurodegenerativas), esse padrão foi desenvolvido para proteger o cérebro e prevenir a demência e é basicamente uma dieta híbrida, ou seja, a combinação da Dieta Mediterrânea e a Dieta DASH e é baseada em componentes dietéticos que mostraram ser neuroprotetores. A dieta MIND também enfatiza alimentos naturais à base de plantas e ingestão limitada de alimentos de origem animal e ricos em gordura saturada, além de priorizar o consumo dos vegetais verdes escuros e frutas vermelhas. E o que todos os três padrões dietéticos discutidos aqui tem em comum? Alimentos com alto teor de antioxidantes e com papel anti-inflamatório, ricos em vitaminas, minerais, fibras, polifenóis, gordura monoinsaturadas, ômega 3, carotenoides, etc que podem prevenir e/ou reparar os danos causados pelos radicais livres e citocinas inflamatórias. Os estudos observacionais indicam que a dieta MIND pode ser mais protetora contra o declínio cognitivo e Alzheimer do que as “dietas do Mediterrâneo e DASH”, mas são necessárias mais evidências para corroborar com esses achados, enquanto isso, os padrões “MIND e Mediterrâneo” parecem ser os mais promissores.

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