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Nº 5692
Opinião

Volta às aulas: o papel dos gestores educacionais

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Por Tatiana Bello - gerente de Implementação do Itaú Social. | Edição do dia 18/09/2020 - Matéria atualizada em 18/09/2020 às 06h00

Apesar do fechamento temporário das escolas como medida de prevenção do coronavírus, os profissionais da educação trabalham diuturnamente para mitigar os efeitos desta interrupção para os estudantes. A volta às aulas presenciais traz enormes desafios. Alguns já conhecidos e agora ainda mais temidos, como a desigualdade de oportunidades de aprendizagem e a evasão escolar; e outros inéditos, como a criteriosa organização para atender às normas sanitárias para evitar a propagação do vírus.

Responsáveis por garantir a formação dos alunos, a melhoria de sua aprendizagem e a correta aplicação das determinações legais, os gestores educacionais estão se preparando para uma retomada cautelosa. Seja nos municípios, estados ou arranjos intermunicipais, equipes técnicas estão debruçadas na busca de soluções para problemas até então nunca vivenciados. As obrigações não deixaram de existir na pandemia, pelo contrário. Nesse período de isolamento, os gestores educacionais lidam com diferentes questões visando garantir o direito à educação para seus alunos como a reorganização do calendário letivo para o cumprimento da carga horária, o planejamento pedagógico considerando o ensino remoto; a garantia de acesso à alimentação escolar, o equilíbrio da arrecadação e despesas e o cumprimento dos prazos de prestação de contas. Cada Estado e seus municípios devem considerar o avanço da pandemia para a decisão de retomada das aulas. Será necessário o cumprimento rigoroso das normas sanitárias emanadas pelas autoridades da área da saúde para evitar aglomerações, aumentar a intensidade e a frequência da limpeza, além de monitorar a saúde dos funcionários e estudantes. Porém, considerando as mais diversas realidades de um país extremamente desigual como o Brasil, o olhar atento dos gestores é imprescindível para adequar as recomendações aos seus territórios. Temos visto o quanto a comunidade escolar como um todo - professores, coordenadores pedagógicos, diretores escolares, equipes técnicas de secretarias e gestores educacionais têm trabalhado incansavelmente para propor alternativas a oferta educacional nesse contexto. Somam-se a esses esforços, iniciativas de organizações da sociedade civil, como o projeto Aprendendo Sempre, que buscam apoiar gestores, professores e famílias neste momento, com sugestões de tecnologias, conteúdos e ferramentas. Assim como o Polo, uma plataforma de educação continuada para profissionais de educação, que inseriu um percurso formativo específico para apoiar os dirigentes a responderem de forma rápida e eficaz aos efeitos das medidas de isolamento social gerados na área educacional. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é indispensável para organizar a continuidade do ano letivo, com o menor prejuízo possível ao aprendizado dos alunos. Uma iniciativa que deve ajudar neste processo são os Mapas de Foco, ferramenta cuja proposta é orientar os profissionais sobre o uso da BNCC, para que planejem da melhor forma as ações pedagógicas para que os alunos aprendam e evoluam, em suas respectivas faixas etárias e escolares. Quando o retorno à educação presencial acontecer, ele nos deixará frente a frente com a possibilidade de aumento da evasão escolar. De acordo com a pesquisa Educação Não Presencial na Perspectiva dos Estudantes e suas Famílias realizada pela Datafolha a pedido do Itaú Social, Fundação Lemann e Imaginable Futures, cerca de 31% dos pais de alunos de escolas públicas temem que seus filhos não voltem para as escolas. Para reduzir o impacto, alguns especialistas recomendam processos de busca ativa dos estudantes, a partir de uma articulação intersetorial em parceria com órgãos públicos de assistência social, saúde e proteção à infância. Devemos lembrar ainda da educação especial na perspectiva da educação inclusiva. O Instituto Rodrigo Mendes divulgou relatório com protocolos adotados em outros 23 países e organismos internacionais, que mostra que crianças e jovens com deficiência têm o direito de voltar às aulas como os demais. É necessário monitorar a presença e a assiduidade dos estudantes, a fim de evitar o aumento da evasão escolar por parte deste público. Os gestores educacionais e equipes técnicas são importantes atores para trazer melhorias na ponta, para escolas, crianças e adolescentes, que precisam ter seus direitos garantidos. Dentro da sua realidade, deverão atuar para garantir que professores e estudantes sejam recebidos em um ambiente acolhedor e seguro, com um planejamento pedagógico que considere todos os alunos e as desigualdades ao acesso do ensino remoto, para que possamos efetivar estratégias que garantam o direito a educação de todas as crianças, adolescentes e jovens brasileiros.

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