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Opinião

A rotina e seus benefícios

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Por Paula Gil Cocco Tirolli. psicóloga clínica, especialista em terapia cognitivo comportamental, em intervenção cognitiva e em terapia do esquema - @psicologiapais | Edição do dia 18/09/2020 - Matéria atualizada em 18/09/2020 às 06h00

A rotina proporciona uma organização mental, emocional, comportamental e fisiológica. Mental porque tudo o que fazemos repetidamente, fica registrado em nosso cérebro. Emocional porque a organização dos afazeres, impacta diretamente no estado de humor. Quando o dia é previsível para a criança, diminui sua ansiedade, os pais conseguem ter menos desgaste, já que não precisam ficar retomando toda vez os afazeres. Comportamental, porque a ação já se torna padrão e muitas delas, automática.. Fisiológica, pois o corpo já se condiciona aos horários e hábitos (você sente fome perto do horário em que está acostumado a comer, sono, próximo ao horário que costuma dormir…).

Quanto menor uma criança, mais ligada à ordem e ritmo ela precisa estar, e quando isso ocorre, proporciona aos pais, momentos para eles também, trazendo liberdade, porque esses conseguem se programar com o tempo que vão ter, quando o filho dorme, por exemplo. Assim, podem vivenciar seu autocuidado, atividades que lhes traz prazer, que lhes oportuniza descansar, se sentir melhor. Essa dinâmica transmite ritmo, segurança, previsibilidade, orientação, organização, responsabilidade, que proporcionam uma vida saudável tanto aos filhos, quanto aos pais. As crianças internalizam esse funcionamento para a vida adulta delas, pois hábitos, maneiras de ser e funcionar se constroem na infância. Coloco aqui que não precisa ser nada “engessado”, rígido, já que a vida, em muitos momentos nos exige flexibilidade, atitude essencial para uma vida saudável e menos conflitiva, mas quando menciono a rotina, é como um ritmo, que nos movimenta, mas que quando esse ritmo muda um pouco, conseguimos “dançar” conforme ele se apresenta. Cada casa, pessoas envolvidas, vão estabelecer seus afazeres, conforme os horários de trabalho, atividades de cada um, portanto, cada família terá sua própria rotina.

Também como psicóloga infantil, oriento os pais, que os filhos precisam participar ativamente da construção dos combinados/ afazeres deles. Assim, se sentirão valorizados, pertencentes, comprometidos e responsáveis por cumprirem.

Podem e se mostra muito positivo, associar coisas positivas aos afazeres da rotina. Se seu filho não gosta de escovar os dentes, você pode dizer: “Depois que você tiver escovado os dentes, estarei te esperando com um livrinho para ler para você…”, ou seja, oferecendo na sequência algo que ele goste, após fazer o que ele não gosta. Os pais também se libertam do papel de terem que ficar cobrando ou lembrando os filhos de tudo o que precisam realizar, podendo dizer, veja lá no “quadro da rotina” (ou outro nome que vocês optarem) qual o afazer de agora.. Isso vai melhorar a relação entre vocês, proporcionando mais tempo à todos, e ao contrário da crença que alguns poderiam ter de que a rotina “prende”, ao contrário, ela liberta! Estamos falando de filhos, de crianças e não de robôs, portanto, essa construção leva tempo, não é na primeira tentativa, ou na primeira semana. Crie oportunidades de crescimento ao seu filho, vontade em cooperar, com palavras de incentivo, reconhecimento, valorização de seu avanços. Demonstrando o quanto você acredita nele e o quanto se sente orgulhoso e feliz com seu comprometimento. Lembrando, ensinamos muito mais com comportamentos, do que com palavras.

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