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Nº 5759
Opinião

Poder da vontade

José Medeiros * Há os que julgam seus problemas pessoais e aflições maiores que os dos outros. Ampliam a dimensão deles. Soluções desejadas podem até estar próximas, mas não as vêem. Mantêm-se encapsulados em suas preocupações. Nesses momentos, valem o a

Por | Edição do dia 03/04/2002 - Matéria atualizada em 03/04/2002 às 00h00

José Medeiros * Há os que julgam seus problemas pessoais e aflições maiores que os dos outros. Ampliam a dimensão deles. Soluções desejadas podem até estar próximas, mas não as vêem. Mantêm-se encapsulados em suas preocupações. Nesses momentos, valem o apoio e a compreensão de uma palavra amiga, ou orientação médica e psicológica. Um especialista de minha amizade adota uma norma incomum. Em caso de queixa repetida, continuada, problema psicológico de fácil solução, aconselha comprar uma agenda e anotar a preocupação atual. No fim do ano verá que ela foi superada ou substituída por outra. Num dos livros de David Kundtz encontro indagações que têm muito a ver com realidades atuais. Vejamos algumas: “Você se sente atordoado pelo ritmo de vida, pela quantidade de coisas que tem a resolver? Deseja dar um significado maior a valores essenciais, à família e não consegue transformar esse desejo numa prática real? Sente-se insatisfeito com sua profissão, sua vida, mas toca em frente como se não houvesse outra opção? Respostas adequadas a tantas indagações valem como verdadeiro tratado do bem-viver. Em geral, se o pensamento é positivo e as atitudes são otimistas os caminhos favoráveis podem se abrir de par em par. Se tensões, angústias e aflições predominam, as trilhas percorridas podem acrescentar curvas de extremas dificuldades. Os mais entendidos ensinam: vale sempre a pena uma análise e reanálise do que se faz. Um dito espirituoso muito popular diz que há pessoas que trabalham tanto, tanto, que não têm tempo para ganhar dinheiro. Essa não é a regra, diga-se de passagem. Mas não custa parar e fazer uma reflexão do cotidiano; isso constitui realimentação de um processo de vida. E há, ainda, os fatalistas, os que estabelecem para si dogmas do fatalismo oriental – do “Maktub” – que significa está escrito nas estrelas, vai acontecer. Recentemente, ouvi o depoimento de uma empresária de sucesso, que teve sua vida quase destruída por um câncer. Auto-suficiente, orgulhosa de seu corpo, personalidade forte, mandona, rejeitou inicialmente o diagnóstico. “Não pode acontecer uma coisa dessas comigo”. Mas o travesseiro é bom conselheiro. Caiu em si, estava doente, necessitava tratar-se. Os primeiros meses foram de revolta, medo, solidão e pavor. Cirurgia, radioterapia, quimioterapia. Colocou-se à disposição dos tratamentos com inabalável fé, lutando para superar essa grave crise. Um câncer em fase de generalização foi vencido. Uniram-se a ciência médica evoluída e sua vontade de voltar a viver. Para os médicos, sua recuperação foi um verdadeiro milagre. Um outro milagre ocorreu após a cura. Nascia uma nova mulher, corajosa e definida como antes, com algumas percepções a mais: solidária, sensível, compreensiva com sofrimentos e dores alheias. Das cinzas ressurgia uma abnegada líder de ações sociais e humanitárias. O poder da vontade é grandeza mental, que dificilmente se pode medir. (*) é médico e ex-secretário de Educação e de Saúde

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