Opinião
UM PASSO ATRÁS
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Em queda desde 2018, o número de assassinatos no Brasil voltou a crescer no primeiro semestre deste ano, em pleno período da pandemia do novo coronavírus. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mais de 25 mil pessoas foram mortas no País, o que equivale a um caso a cada dez minutos. Apesar da queda no ano passado, o Brasil se manteve entre os países mais violentos do mundo, com taxas bem acima das de países como Estados Unidos (5) ou Argentina (5).
Para especialistas, o Brasil perdeu a oportunidade de entender a queda nos anos anteriores. No primeiro ano de queda, 2018, houve a criação do Ministério da Segurança Pública, aprovação do Sistema Único de Segurança Pública e intervenção no Rio, episódios que levaram o debate sobre a segurança para o público. A partir de 2019, o governo gastou muito esforço com um pacote anticrime que não foi aprovado como proposto pelo então ministro Sérgio Moro. Além disso, o presidente Bolsonaro assinou vários decretos para facilitar a circulação de armas. Os dados mostram que 72,5% dos assassinatos no País são cometidos por armas de fogo e que jovens e negros são as principais vítimas. Com o aumento de assassinatos, cresceu também o número de policiais mortos e de pessoas mortas em ações da polícia. A taxa de negros mortos pela polícia é quase três vezes a de brancos. Embora tenha havido aumento do número de assassinatos, caíram os registros de roubos. Parte desse movimento é creditado à queda nos registros, com delegacias fechadas durante a pandemia, mas parte também pode ser explicada pelas medidas de isolamento, que tirou gente das ruas, diminuindo assim os roubos de transeuntes ou de veículos. Os dados mostram que o País ainda não encontrou o caminho para combater a violência. É preciso um trabalho integrado de todos os órgãos de segurança, em todos os níveis, dotar as polícias de melhor estrutura e valorizar o policial na questão de salário e também de treinamento. Além disso, é imprescindível ações públicas nas áreas mais violentas para evitar que os mais jovens sejam cooptados pelo crime.