Opinião
Famintos no Pa�s

No fim dos anos 90 apenas 30% da população brasileira podia ser considerada cidadã. Inclusive sobram números nos anais do Congresso Nacional, principalmente das discussões realizadas pela Comissão Mista para a Erradicação da Pobreza comprovando a gravidade das conseqüências da falta de políticas efetivas para o combate à fome no País. Nessa época, o governo brasileiro já havia firmado compromisso perante a Conferência Mundial de Segurança Alimentar, de eliminar a fome nacional até o ano 2015. E o bispo dom Mauro Morelli, da Baixada Fluminense, lamentou, na Comissão Mista para a Erradicação da Pobreza, do Congresso, a extinção do Conselho Nacional de Segurança Alimentar pelo presidente Fernando Henrique. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) mostrava 28,45% da população brasileira vivendo com menos de meio salário mínimo por família. E que para acabar com essa situação, seriam necessários 3,2% do nosso Produto Interno Bruto (PIB) então estimados em R$ 1,078 trilhão. Há, sobrando, números e estudos de instituições governamentais e não governamentais nacionais e internacionais, inclusive nos anais do próprio Congresso Nacional, acerca da gravidade das conseqüências da falta de políticas efetivas para o combate à fome no País. Além de advertências de que as lutas neste sentido não produzirão os resultados de há muito esperados pelos que mais sofrem com a falta de meios para se alimentar, enquanto formos um dos países que menos investem em desenvolvimento humano. Muito pouco tem sido feito, principalmente nos dois mandatos de FHC para modificar a realidade deplorável de todos estes anos. Do contrário, o Brasil não seria hoje citado como o país com maior número de pobres em toda a América Latina, pelo representante da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), professor José Tubino.