Opinião
IDOSOS EM RISCO
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Levantamento do Ministério da Mulher. Família e Direitos Humanos mostra que o número de denúncias de violência e de maus-tratos contra os idosos cresceu 59% no Brasil durante a pandemia do novo coronavírus. Entre março e junho deste ano, foram 25.533 denúncias. No mesmo período de 2019, foram 16.039. Em Alagoas, o aumento foi de 62%.
Para especialistas, mesmo com o aumento, ainda existe muita subnotificação dos casos. Muitas vezes, o idoso não reconhece que existe uma violência sendo cometida contra ele. A maioria dos casos de violência contra o idoso são de negligência — quando o cuidador do idoso não presta assistência ao idoso, ou presta assistência insuficiente — e de violência psicológica. Desde 2003 o Brasil conta com uma ampla legislação voltada para os direitos das pessoas que estão na chamada terceira idade. O Estatuto do Idoso estabelece responsabilidades tanto por parte do poder público quanto da família e da sociedade em relação a saúde, alimentação educação, cultura, esporte, lazer, trabalho, cidadania, liberdade, dignidade, respeito a convivência familiar e comunitária. Entretanto, sua aplicação ainda é um desafio principalmente do ponto de vista da implementação de políticas públicas. A cada 10 minutos um idoso sofre algum tipo de violência no Brasil, como negligência, abandono, violência financeira, psicológica e maus-tratos, mas nem todos os estados possuem delegacias especializadas no atendimento às pessoas mais velhas. Além disso, em muitos casos as vítimas relutam em fazer denúncia à polícia e, quando fazem, não querem responsabilizar o agressor, pois 54% dos envolvidos são seus próprios filhos. Há, ainda, outro tipo de violência contra os idosos: a coação para que eles solicitem empréstimos consignados para os familiares. O consenso entre os especialistas é que o tema precisa ser debatido mais profundamente, porque estão aumentando os casos de endividamento dessa parcela da população. Modificar toda essa situação implica, também, uma mudança de cultura.