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Nº 5692
Opinião

Sentimento das ruas

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Por Editorial | Edição do dia 31/10/2020 - Matéria atualizada em 31/10/2020 às 04h00

Os acontecimentos políticos, econômicos e sociais no Brasil vêm sendo aferidos por pesquisa de opinião pública. A cada fato grave, que interfere na vida nacional e gera incertezas, o sintoma é captado pelo termômetro que confere a temperatura das ruas. Em maio deste ano, quando a pandemia ganhou força, o Datafolha, em pesquisa telefônica, atestou que 63% dos brasileiros nutriam um sentimento de tristeza em relação ao País, enquanto que 34% expressavam animação.

Sobre a mesma consulta, a esperança dos brasileiros alcançou 53%, tendo 46% externado o sentimento de medo em relação ao amanhã. Ainda pelo Datafolha, 66% do povo nordestino encontrava-se dominado pelo desânimo. Já 66% dos jovens, de 16 a 24 anos, declararam estar com medo em relação ao futuro do Brasil. Há dez dias, o Ibope fotografou o quadro eleitoral em Maceió. Além do crescimento de Davi Davino Filho e o recuo de Alfredo Gaspar e JHC na corrida sucessória, foram aferidos os principais problemas, a expectativa de comparecimento às urnas, o sentimento em relação à próxima gestão e o nível de satisfação dos maceioenses. Ao ser perguntado acerca de como se sente diante da vida, 63% responderam “satisfeitos” e 7%, “muito satisfeitos”. O nível de satisfação dos maceioenses, pela pesquisa, alcança 86% na faixa etária de 16 a 24 anos e atinge 82% entre os que recebem de 2 a 5 salários mínimos. Esse sentimento é maior na comunidade evangélica de Maceió, com 68%. Não obstante as dificuldades e o agravamento do abismo social, é bem possível que a sensação de que o pior já passou, a flexibilização das medidas de distanciamento social e a retomada da economia estejam alimentando a esperança de tempo novo para todos. Pelos dados aferidos, a expectativa de comparecimento às urnas é significativa, mesmo levando em conta as medidas de restrição impostas pela pandemia. Na totalização, 82% responderam com certeza que vão votar, chegando a 85% entre 25 e 34 anos. A insatisfação do eleitorado é manifestada pelo desejo de mudança da gestão, que alcança 80% entre os jovens de 16 a 24 anos. Entre os mais graves problemas apontados pela população, o campeão é a área da saúde pública municipal, com dificuldade crônica de tornar eficiente a atenção básica e de suprir a deficiência de equipes do PSF. No ranking negativo, destacam-se ainda o desemprego e a educação, esta com déficit de vagas em creches e no ensino infantil. Quanto à elevada autoestima dos maceioenses, pode também ser atribuída à perspectiva de mudança. Até agora não se traduziu em empolgação popular a tomar conta das ruas, nem chega perto do entusiasmo visto nas cidades alagoanas, em que a disputa pelo voto e a busca pelo poder local já se converteram em festa no interior.

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