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Opinião

A vida e a morte

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Por MILTON HÊNIO. médico e membro do Conselho Estratégico da Organização Arnon de Mello | Edição do dia 31/10/2020 - Matéria atualizada em 31/10/2020 às 04h00

Na próxima segunda-feira estaremos celebrando o Dia de Finados. Vamos ao cemitério rever nossos mortos queridos. Familiares e amigos que marcaram nossas vidas. Quando fazemos essas visitas, no silêncio e na paz do local, vemos como o tempo passou! Ele correu lento, silencioso e constante. E ali diante daquele túmulo ficamos a recordar os momentos vividos com eles, com nossos entes queridos que se foram; nossos pais, irmãos, avós, tios e amigos inesquecíveis, cujas amizades ficamos a recordar com relembranças de seus objetos, fotografias e momentos que guardamos com amor. A morte é assim, a chave do segredo da vida. Da vida vivida em sua plenitude. É vivendo que amamos a vida. E se o sofrimento, a dor, as injustiças, os absurdos que encontramos ao longo do caminho são tropeços inevitáveis, a morte é a certeza que nos chegará um dia.

O tempo é tudo e muita gente joga fora. “O tempo é um velho que chama os que viajam”. As pessoas esquecem que a vida é uma passagem e se perdem, muitas vezes, no caminho. A consciência de que a vida e a morte fazem parte de um fenômeno singular, único e indivisível, é o maior atributo que proporciona ao ser humano o real significado de sua existência. O excessivo apelo às conquistas materiais, aos bens duráveis, têm levado o homem moderno a estados de angústia, de estresses infindáveis e consequente surgimento de doenças e morte. É impressionante o descuido do homem com o seu próprio corpo, com o uso das drogas, com a brutalidade e com a ausência de Deus em sua vida. Quanto mais nos envolvemos no ritmo super acelerado da vida moderna e de seus confrontos materiais, menos tempo temos para pensar e viver. Há muitos séculos um homem sábio chamado Confúcio, já nos alertava que a vida é bastante simples e só se torna complicada porque insistimos em complicá-la. A morte assusta e amedronta a maioria das pessoas. Enquanto ela não chega vamos caminhando, bebendo um lindo por do sol, e descobrindo cada dia coisas boas e olhando a vida bem de frente. Ame, assim, a vida com luta e seriedade, e ela saberá retribuir, dando-lhe em troca a saúde, a paz de espírito, o bem estar e o afastamento da morte. A esperança e a confiança em Deus jorra sempre luz nos caminhos por onde passamos. “Cada minuto de nossa vida é um milagre que não se repete” – cantou Fernando Pessoa. Não estamos em tempo de desperdiçar. Vida é prêmio, é presente de Deus. Aproveitem enquanto a morte não chega, pois, com absoluta certeza, um dia ela chegará. Meu caro leitor, Santo Agostinho costumava dizer que a vida é feita de momentos: momentos bons, momentos de tristeza, momentos de dor, momentos de alegria. Saiba aproveitá-los bem, porque não sabemos o momento seguinte. Assim, o que fomos na caminhada terrena ficará gravado para sempre no coração dos que viveram conosco, se você souber distribuir amor. É o chamado legado afetivo.

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