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Opinião

A super vacina

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Por Marcos Davi Melo. médico e membro da AAL e do IHGAL | Edição do dia 31/10/2020 - Matéria atualizada em 31/10/2020 às 04h00

Uma questão essencial na ciência é fazer a pergunta certa. A ciência é executada por pessoas normais, que buscam incansavelmente a pergunta certa para conseguir a resposta certa. A pergunta certa hoje é: como a humanidade poderá superar com mais eficácia, segurança e rapidez a pandemia de Covid-19, que inicia uma segunda onda na Europa, EUA, em Manaus e agrava mais a situação sanitária e econômica mundial?

À pandemia, acrescentaram-se recentemente informações essenciais, como a constatação do Imperial College de Londres, acompanhando 350 mil pacientes, de que a imunidade dada pela doença dura poucos meses, cai rapidamente e é ainda mais insignificante nos assintomáticos e nos idosos. A Universidade de Cambridge, igualmente do Reino Unido, relatou que a pessoa contaminada pela Covid-19 atinge o ápice da viremia e a transmissão da virose quando está assintomática, propiciando que pessoas que se julgam sãs disseminem abertamente a virose, antes de se tornarem sintomáticas, dias depois. Esse é um grande contraste com o coronavirus da epidemia da Sars 2002, cujo pique de transmissão ocorria depois de o paciente estar com muitos sintomas, tornando-se então muito mais fácil isolá-lo e evitar a transmissão. Essas constatações recentes somam-se às muitas que a Medicina já possui para fazer a pergunta: existem opções para se enfrentar essa pandemia, salvar vidas humanas e tentar restabelecer condições mínimas de iniciar o esforço de recuperação da economia? Resposta: a única opção é a vacina, para a qual todos os esforços da ciência estão voltados. A vacinação destinada à imunização para Covid-19 precisará de até duas doses, repetidas anualmente, como se faz com o H1N1, cujo vírus é muito menos mortal. A quantidade a que terão prioridade os profissionais de saúde, idosos acima de 65 anos e doentes crônicos é de 2,7 bilhões de doses só em 2021. Em 2022, precisar-se-ão de 7,4 bilhões de doses. Provavelmente, existirá uma corrida mundial desenfreada pela vacinação, cujos custos seguirão a lei do mercado. Ser vacinado será, antes de tudo, um grande privilégio. A vacinação será uma questão de saúde pública mundial, que predominará diante da gravidade da pandemia. Caso o Executivo e o Congresso não cheguem a uma definição sobre a sua obrigatoriedade, o que é improvável pelas posições negacionistas do Executivo, restará ao Supremo Tribunal Federal (STF) resolver a questão. O mesmo STF que anteriormente agiu corretamente ao repassar para os governos estaduais a responsabilidade de executar as medidas de isolamento social, uso de máscaras, de álcool gel e outras que salvaram tantas vidas humanas. A obrigatoriedade da vacinação é ética e moralmente correta, e uma questão constitucional, onde o direito coletivo à saúde se sobrepõe aos interesses individuais. Ser vacinado implicará em ter acesso ao local de trabalho, a diversos outros locais, acesso às viagens, etc. A turma que está fazendo confusão com a vacinação é aquela mesma que promovia aglomerações, era contra o distanciamento social, era contra as máscaras, propagava a cloroquina como cura da Covid-19, entre outras sandices. Essa turma se vacinará, vacinará os seus parentes idosos e ainda vai querer furar as filas. Não existe nenhum interesse público em criar essa confusão, isso é só desinformação para causar tumulto e instabilidade públicas, além de desconfiança na vacinação, essa gigantesca conquista humana que custou décadas, séculos de tremendos esforços. Correção: sobre o artigo “Guerra da vacina, “o Dr. Júlio Bandeira adverte que a cólera não tem vacina e que a vacinação para a raiva é realizada em cães e gatos, e está disponível.

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