loading-icon
MIX 98.3
NO AR | MACEIÓ

Mix FM

98.3
segunda-feira, 28/07/2025 | Ano | Nº 6019
Maceió, AL
23° Tempo
Home > Opinião

Opinião

Triunfo da democracia

.

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp

Abraham Lincoln deixou um legado que vai além da reunificação dos Estados Unidos e da abolição da escravatura. Deixou a sua visão de mundo nos seus pensamentos, como “Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe o poder”. Lincoln era do partido republicano, como Trump, mas a semelhança se encerra aí. Das previsões pré-eleitorais apenas uma se efetivou totalmente: a promessa de Trump de não aceitar o resultado das urnas, fato inédito na história dos EUA.

O que se viu nesses quatro anos de Trump no poder foram mentiras à granel, afrontas e ataques pessoais, até mesmo a correligionários notáveis, como John McCain, ex-candidato à presidência pelo partido Republicano e um herói de guerra respeitadíssimo, natural do Arizona, uma das explicações para os resultados ali. Durante a eleição, Trump e seus seguidores fizeram tudo para dificultar a presença dos eleitores nos locais de votação. Fizeram ameaças - “Parem as contagens!” - e acusações sem provas – “São votos fraudados!”. Ex-procuradores federais republicanos o repudiaram publicamente. Depois, ele se superou nos ataques desonestos à democracia, aos adversários, ao sistema eleitoral, que tem respeitáveis 240 anos, às autoridades estaduais, a correligionários eleitos, chegando ao ponto de ter inúmeros twitters cancelados e ainda a sua inescrupulosa entrevista suspensa pelos três principais canais de televisão norte-americanos, desmandos inéditos na história norte-americana. Para os que aceitam as regras do sistema democrático, as suas instituições estão acima de seus interesses pessoais. Para outros, como Trump, elas só servem se o beneficiarem. Se ele perder, elas se tornam inimigas. É o desprezo pelas instituições, outro fato inédito na história dos EUA. A prerrogativa de invocar a lei só quando lhe convém é recurso disponível para quem tem o poder e não admite cedê-lo. A lei substitui a vontade individual, porque decorre da vontade democrática. Assim como o sistema do qual é fruto, não é perfeita e admite aprimoramentos, mas a sua alternativa é o arbítrio, a ditadura, abominados nos EUA.

Trump, mesmo assim, conseguiu um numero de votos elevado, e mesmo não se reelegendo, uma semente antidemocrática sediciosa foi plantada, algo inusitado nos EUA, que se orgulhava de não ser uma republiqueta de bananas. Seu discurso desonesto de ódio e teorias da conspiração assemelha-se ao antigo peronismo, populismo terceiro-mundista, agora adaptado por ele ao primeiro-mundo. Ele manterá seguidores lá e aqui no Brasil, onde é endeusado por seguidores fervorosos, inescrupulosos e brutais.

Acordar do pesadelo de Trump não é entrar em um sonho, é apenas contemplar a realidade. Populismos de esquerda ou de direita são imensamente desonestos. Lincoln ainda escreveu “Quando pratico o bem, sinto-me bem; quando pratico o mal, sinto-me mal. Eis a minha religião”. Lincoln travou uma guerra civil para unificar a Nação. Trump, apostou na divisão e na polarização da sociedade, deflagrou uma guerra de desinformação, fake news, polarização e ódio, para desuni-la. Contudo, a democracia está superando esse imenso desafio e vencerá. O Brasil poderá tirar saudáveis lições dessa etapa trevosa da história da humanidade, inclusive no comportamento da imprensa e dos principais meios de comunicação norte-americanos, assumindo responsabilidades tão inusitadas quanto indispensáveis na manutenção da democracia.

Relacionadas