Opinião
À amiga Selma Britto: “Saudades perfumadas de Renato”
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Recebo um telefonema da minha grande amiga Isadora Teixeira Moura, que consternada, comunica-me o infortúnio sofrido por seu estimado sobrinho: Renato Teixeira Britto; relata-me Isadora, que após uma parada cardíaca, e inúmeras tentativas de reanimá-lo, Renato encontra-se, muito grave, no Hospital do Coração.
Apesar de todo o esforço da equipe médica e de seus familiares, o quadro clínico de Renato permanecia sombrio. Após mais de 30 horas, lutando pela vida, parte nosso amigo! Mais uma vez, constatei a vulnerabilidade humana: como a vida é efêmera! Fui levar meu abraço pesaroso à sua mãe, minha amiga Selma, e às queridas: Dani, sua esposa; Yasmim, sua filha; suas irmãs Silvana e Claudinha; seus tios, Sônia, Isadora e Moura e demais familiares. Ao cumprimentar minha estimada Selma, ela tira a máscara (fruto da era COVID) e me envia inúmeros beijos. Conversei, demoradamente, com minha amiga após o sepultamento de Renato. Fiquei ainda mais admirada com sua fé, com suas convicções, e, sobretudo, com sua espiritualidade. Suas crenças são firmes; suas orações são espontâneas. Para ela, a vida continua. Compara a ausência física de Renato com uma grande viagem. Ele está ausente, apenas, fisicamente. “Está presente em meu coração com o amor dobrado”! E enfatiza: “A vida não se acaba! Não haveria sentido viver, se não houvesse algo mais. Sinto-me feliz e honrada por tê-lo gerado! Sinto saudades perfumadas!”. Assegurou-me não estar ansiosa. Não tomou nenhuma medicação, disse-me ela. Que pessoa iluminada e excepcional é essa mãe! Quando o esquife seguiu para a sepultura, Selma preferiu não acompanhar o filho. Sentou-se ao piano, e tocou as músicas prediletas de Renato, entre elas: Fascinação. Fiquei encantada, apesar de já conhecê-la espiritualizada, mesmo assim, ainda me surpreendi com tanta fé, convicção e serenidade. Senti-me pequena diante de tanta crença! Confessei-lhe que seria mais feliz se tivesse certeza de um encontro com meu inesquecível Cícero. Momentos depois, com lágrimas rolando-lhe às faces, exclamou: “Lágrimas, sim! Desespero, jamais! Lágrimas são gotas que o coração expele”. Não aceita escutar que “perdeu” o filho. Continuo com ele e repete: “Só sem a presença física”. Querida Selminha, você é o maior exemplo vivo de fé cristã que já presenciei. Suas convicções deram-me a certeza de que seu querido Renato está no Reino de Deus. Leve sempre, aos que a cercam esse testemunho de amor e fé. Saudades perfumadas de Renato!