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Contradições que matam

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Paul Claudel escreveu: “Reservo-me com firmeza o direito de contradizer-me”. A contradição, como o erro e o despreparo compõem a condição humana. O despreparo para exercer um cargo público pode torna-se uma ameaça a vida das pessoas que dependem disso e quanto maior o cargo, maior será o risco e maior será o número de pessoas ameaçadas. Contudo, isso pode ser evitado, caso o despreparado nomeie pessoas qualificadas para auxiliá-lo, as escute, acate e aja criteriosamente conforme o bom senso e o equilíbrio indispensáveis.

A pandemia de Covid-19 reativa-se, a taxa de transmissão se eleva acima da de maio, como um recall do ocorrido nos meses trágicos de junho e julho, a pior fase da pandemia no Brasil, o que não surpreende. Eleva-se o numero de casos novos, seguido do numero de internações e de óbitos, no ciclo natural do vírus letal. Descobrem-se abandonados num galpão em São Paulo mais de 7 milhões de testes RT-PCR, os de padrão ouro, um número acima do de testes já realizados, o que também não surpreende, em se tratando de um governo negacionista da ciência e que trata a vacina como instrumento político e não como arma que salva vidas. Como num pesadelo interminável, constata-se que o Ministério da Saúde - mesmo depois de incríveis nove meses de curso implacável da pandemia, que já exterminou mais de 170 mil vidas e deixou milhares de sequelados graves - não dispõe de um plano de vacinação para a pandemia, o que é surpreendente, já que o Brasil é referência mundial em campanhas de imunização. Ambas as situações demonstram uma enorme incompetência, que não pode ser explicada pelo despreparo do Ministério da Saúde, que mantem os mesmos técnicos qualificados de outras campanhas vitoriosas. O comando da pasta mais importante do Brasil nessa pandemia, aquela sobre a qual se depositariam as responsabilidades para elaborar, propor e coordenar o enfrentamento da letal pandemia e salvar vidas, foi entregue a um general perito em logística militar, mas despreparado para a gestão da saúde, onde se comprovou durante toda a pandemia de Covid-19 não só o desleixo do presidente da República, como também suas incoerências e suas contradições, pois prometeu na campanha um governo baseado no mérito, na capacidade, mas demitiu dois técnicos eficientes - Mandetta e Trech - para nomear um general cuja maior capacitação é a obediência servil à condução negacionista da saúde, aquela que não fura poço mas pode e deve salvar vidas. As repetidas contradições e incongruências da família Bolsonaro explodem e vêm acopladas à incúria, quando o dinheiro público que ameaça se perder nos testes quase vencidos escasseia nos atendimentos à saúde pública. Achando pouco, por pura estultícia ideológica, a família presidencial continua a nos causar transtornos internacionais: o filho 2 ataca novamente a China, maior parceiro comercial brasileiro. Repete-se a contradição de um presidente que garantiu governar sem ideologias, mas é radicalmente ideológico, o que causa gigantescos prejuízos para o País, como a teimosia ridícula em não reconhecer a vitória de Biden. As contradições e incoerências humanas são aceitáveis ocasionalmente, mas quando elas se perpetuam no poder, empacotadas com a ignorância, com a mentira, com a incúria e são extremamente lesivas aos interesses do País, não.

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