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Um ano para não esquecer

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Talvez o título mais apropriado para este artigo fosse “Um ano para esquecer”, pelo fato de ter sido um dos mais trágicos da história brasileira e da humanidade. Um ano que expôs toda a fragilidade, pequenez, mesquinharia e ganância do ser humano. Imaginei, em um primeiro momento, que a pandemia da Covid-19 despertaria a noção de sermos mais generosos, solidarios e empáticos com as pessoas. Pelos padrões de comportamento que temos observado, entretanto, não são estes os sentimentos que predominam no convívio da sociedade. O que constatamos é o descaso pelas vidas humanas, o ódio pelos que pensam de forma divergente dos valores estabelecidos e a falta de amor ao próximo. Confesso que ainda me surpreendo com o tal do Homos Sapiens Sapiens (homem sábio), em relação ao qual presumia uma pequena evolução humana, do tempo das caverna aos dias tecnológicos que orientam a vida moderna.

No Brasil, o modelo que está sendo imposto, é a da pura ignorância intelectual, intolerância ideológica e negacionismo da ciência. A grave crise que estamos enfrentando não é de natureza política, econômica ou social, mas, sobretudo, vivemos uma crise de valores éticos e humanos. O problema não é de consciência de classe, de raça ou de gênero e sim de consciência moral. Percebo que diminui cada vez mais, a possibilidade de nos conectarmos democraticamente. A sociedade brasileira está cada vez mais fragmentada, sem uma mínima capacidade de aglutinação em torno de uma agenda comum. Está cada vez mais óbvio que a tática deste governo totalitário, inerte e incompetente, se inspira em um dos cânones maquiavélicos, que é o de “dividir para governar”. O certo seria até dizer que temos uma ausência de governo. O que prevalece é o discurso ideologizado de um pretensioso fascismo, substituindo a ação administrativa e governamental.

Tivemos mais um ano perdido, marcado pelo retrocesso da pauta de costumes e por uma desastrosa política ultra-neoliberal econômica, que tem levado o país a níveis perigosos de recessão, inflação, desemprego e empobrecimento. Isto tudo resulta em um baixíssimo crescimento do PIB e a inércia de uma política capaz de alavancar metas desenvolvimentistas. A política econômica do Ministro Paulo Guedes se limita a queimar as reservas cambiais, privatização, desconstrução do Estado brasileiro, a destruição dos setores produtivos do capitalismo nacional e ao entreguismo mais cínico e deslavado do nosso patrimônio. O atual presidente da república cada vez mais confirma sua tendência psicopata e genocida, instigando uma divisão do país no transcorrer daquela que poderá ser a maior crise sanitária da história mundial, com o aumento exponencial da Covid-19 e a já confirmada segunda onda da pandemia em andamento. Este deveria ser um ano para nunca mais lembramos que existiu. O fato é que isto não é possível, e o mais correto é não esquecer mesmo estes 365 dias desesperadores, que marcará 2020 na nossa história. Um Ano patenteado por milhares de mortes, pelo retorno do Brasil ao mapa da fome, pela submissão a Casa Branca de Donald Trump, pela entrega das nossas riquezas e pela total ausência de governabilidade. De concreto mesmo, só a agenda econômica que começará a ser marcada pelas reformas trabalhista e previdenciária, que a partir de agora começarão a ser sentida no bolso da maioria do povo brasileiro. Talvez a ficha comece a cair para a maioria das pessoas daqui para frente. O ano de 2020 jamais será esquecido, pois como no clássico filme dirigido por Joel Schumacher, “O primeiro ano do resto de nossas vidas”, de 1985, as consequências deste ano desastroso serão sentidas nas próximas três décadas e marcará tragicamente uma geração que vivenciará tempos sombrios, fruto dos nossos próprios equívocos.

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