Opinião
INÍCIO DO DESAFIO
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Prefeitos dos mais de 5 mil municípios brasileiros tomam posse hoje com grandes desafios, principalmente pelo fim do socorro que a União concedeu em 2020 por causa da pandemia do novo coronavírus. Levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que as capitais receberam neste ano mais do que precisavam para compensar a perda de arrecadação. Os repasses asseguraram alta de 6% das receitas dessas cidades.
Sem essa ajuda extra, o equilíbrio das contas das prefeituras dependerá e muito da recuperação da atividade econômica, ainda incerta diante do recrudescimento da pandemia e do risco de novos fechamentos forçados. Os gestores precisarão adotar medidas para estimular especialmente os serviços, maior fonte de arrecadação municipal. Enquanto isso, lidarão com as diversas demandas e terão de tirar leite de pedra para investir em setores cruciais para melhorar a qualidade de vida da população, como educação, saúde e mobilidade. Mesmo antes da pandemia, 75% dos municípios brasileiros tinham uma situação fiscal considerada critica. Quase 35% deles não se sustentavam, ou seja, a receita arrecadada era insuficiente para custear a máquina pública. Se do lado da arrecadação o momento é difícil, no lado das despesas os gastos vêm sofrendo pressão pelo aumento da demanda por serviços públicos, principalmente de saúde e educação. Essas duas áreas vão exigir ainda mais atenção do poder público. A pandemia acabou represando muitas demandas referentes a outras doenças, e o aumento do desemprego fez muita gente desistir dos planos de saúde. Na educação, é preciso resolver a questão da volta às aulas presenciais e atendimento nas creches. Cada município tem problemas próprios e soluções que levam em conta o contexto local. O momento é de vacas magras e problemas de sobra. Cabe aos novos prefeitos – e também àqueles que foram reeleitos –agirem com prudência, sabedoria e competência na aplicação de cada centavo para que tenhamos novos tempos a partir de agora.