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Opinião

Marcha lenta

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Fluía o ano de 1991 quando o presidente Fernando Collor firmou parceria com o governador de Alagoas, Geraldo Bulhões, para desencadear o projeto denominado de Canal do Sertão. As tratativas prosperaram para o início da maior obra tocada pelo governo federal em solo alagoano, após a hidrelétrica de Xingó.

Só agora, quase três décadas depois, o Canal do Sertão está chegando à metade do caminho, que começa na estação de captação de água, no reservatório de Moxotó, em Delmiro Gouveia. De lá até o trecho IV, que fica entre Senador Rui Palmeira e São José da Tapera, a obra já serpenteou por quase 120 km e consumiu algo em torno de R$ 2,5 bilhões. Do trecho IV até a fase final, no Agreste alagoano, ainda há muito chão a ser percorrido, o que torna incerto o cronograma, haja vista o imenso tempo consumido para se chegar a São José da Tapera. Mas o que vem mesmo causando polêmica é a falta de uma efetiva gestão do Canal do Sertão, que já acumula água por mais de cem quilômetros de extensão pelo solo estorricado do nosso Semiárido.

Passou com discrição o recente pronunciamento do deputado Inácio Loiola, que é engenheiro agrônomo. Ele voltou a cobrar do governo do Estado o projeto de aproveitamento das águas, que lá estão no Canal sem a devida serventia. Denunciou ainda o fato de a Secretaria de Agricultura não dispor da mínima condição para operar os projetos complementares, sobretudo no que diz respeito à produção de alimentos.

E não é mesmo por falta de formulação técnica do próprio governo. Em 2017, uma equipe da Secretaria de Planejamento, sob a coordenação do economista Cícero Péricles, concebeu um estudo acerca do Canal do Sertão, identificando as dificuldades e listando as providências, que já deveriam ter sido tomadas. O governo do Estado possui o mapa do caminho para dinamizar a irrigação e o sistema de abastecimento d’água, sem desprezar os assentamentos e o avanço das áreas irrigáveis, que precisam virar celeiros de produção de alimentos e oportunidades. Deve-se lembrar que se encontra no Agreste uma gigantesca mancha de área agricultável, onde o Canal ainda não tem data para chegar. Sem um plano estadual eficiente de gestão, o Canal do Sertão segue em marcha lenta, com uso insignificante da água que já se acumula em sua calha. E quanto ao bilionário aporte financeiro do governo federal, fruto de décadas de esforço nessa obra histórica? Se a operação mantiver o ritmo atual, vai demorar a produzir os resultados tão aguardados pela sociedade, infelizmente.

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