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Opinião

A criança no útero materno

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Por MILTON HÊNIO. médico e membro do Conselho Estratégico da Organização Arnon de Mello | Edição do dia 16/01/2021 - Matéria atualizada em 16/01/2021 às 04h00

Tempos modernos. Tem sido preocupante o número de crianças que nascem atualmente com lesão cerebral e outros transtornos, fruto de uma gestação infeliz. Fascinantes pesquisas sobre a vida intra-uterina já permitem supor que os estímulos auditivos pré- natais representam um grande elo afetivo no relacionamento mãe-filho.

Tem impressionado os estudiosos a analogia existente entre um embrião e um astronauta. Ambos ficam encerrados num conjunto de invólucros hermeticamente fechados, dentro de uma cápsula, flutuando: o liquido amniótico na criança e o oxigênio pressurizado no astronauta. Na “cabine” de pilotagem, que é o útero materno, está o embrião, sentindo a cada mês o crescimento de seu corpo. Com 26 dias já tem seus bracinhos e 28 dias suas pernas. Com três semanas de existência o embrião já tem forma bem definida. Aos três meses seu corpinho está todo constituído, seus órgãos todos formados. De forma fantasiosa chamaremos o piloto dessa “cápsula” de Zezinho, nome bem brasileiro. - “Zezinho, você se sente bem aí dentro?” - “Posso dizer que estou muito bem. A penumbra do ambiente deixa eu ter um soninho sempre. Só fico angustiado quando a mamãe fuma ou bebe, pois a nicotina e o álcool perturbam minha cabeça e a oxigenação do meu cérebro. Quando ela está muito estressada também sofro um bocado”. A fase da formação da criança é importantíssima para que ela seja saudável ao nascer. Assim, fumo, álcool, estresse e convivência com muita aglomeração deve ser evitada de toda sorte nessa fase embrionária, isto é, em que a criança está sendo formada. A criança com 5, 6 e 7 meses de vida intra-uterina ouve muito bem a voz de sua mãe, o que lhe dá um prazer enorme. No 8º e no 9º mês, nem se fala. - “Zezinho, você está feliz aí dentro?”

- “Sim, estou. Durmo, pulo e brinco dentro da minha “cápsula” envolvido pelo cordão umbilical. Gosto quando a mamãe alisa sua barriga e conversa bastante comigo”. O professor Ian, da Universidade da Califórnia, depois de examinar 102 fetos durante 9 meses concluiu que já na sala de parto eles paravam de chorar ao serem consolados pela própria mãe, o que não acontecia quando ouvia a voz da enfermeira. Assim, dê vida e bem estar ao seu filhinho que está em desenvolvimento dentro do seu útero, deixando-o “pilotar” essa “nave” maravilhosa que o abriga, conversando com ele sem deixa-lo exposto à traumas físicos e psíquicos que, com certeza, irão atrapalhar sua viagem. E boa sorte para ambos.

O feto está envolvido por sua mãe. Ele necessita constantemente dela, de seus lances de afeto, mais do que o metabolismo que passa pelo cordão umbilical. Está provado: o embrião, pilotando sua “nave”, que é o útero, ouve sua mãe, escuta sua voz o que tem uma importância notável no seu desenvolvimento psíquico. E ele gostaria de dizer a sua mamãe: “Te amo mãezinha querida. Esteja sempre alegre e ande com cuidado dentro de seus limites, para que eu seja uma criança saudável e feliz.”

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