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quarta-feira, 30/07/2025 | Ano | Nº 6021
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Opinião

Dança das cadeiras

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A área da segurança pública é objeto frequente de pauta na comunicação, pois se trata de uma das funções essenciais do Estado. É tema de destaque na Constituição da República, logo no título relacionado aos direitos e garantias fundamentais das pessoas. Daí o sentido das grandes reportagens efetuadas pela Gazeta, ouvindo autoridades, especialistas e representações das polícias sobre o aparato de segurança de Alagoas, bem como a sua eficácia cotidiana na proteção da vida dos alagoanos. No momento, ainda perdura um fato estranho e que necessita de esclarecimento oficial: a decisão do titular da SSP de Alagoas de, em menos de um mês de atuação, realizar o remanejamento de trinta delegados. Mais do que simplesmente efetuar a dança das cadeiras nas delegacias, de uma vez só, significou a remoção de um terço do já diminuto quadro de noventa delegados. Estes se desdobram na acumulação de 144 delegacias e um punhado de Cisps espalhados pelo Estado. Em nota dura, o Sindicato dos Delegados de Polícia de Alagoas repudia o ato, tratando-o até como ilegal. Alerta ainda para o fato de o trabalho investigativo ser subordinado ao seu próprio tempo, que não é o “tempo da política”, acentua o texto. Não é a primeira vez que o Sindepol reage a remanejamentos. Houve até um caso rumoroso da transferência de um delegado de Arapiraca para Mata Grande, que gerou ação na Justiça contra o governo, acusado de perseguir e retaliar o profissional que protestou contra o acúmulo de várias delegacias nas mãos de um único delegado. Agora, o remanejamento coletivo de titulares das delegacias só piora o que já vem sendo qualificado como ruim, ineficiente, em razão do já conhecido e progressivo definhamento dos quadros de agentes e delegados de polícia. “Um delegado e sua equipe precisam estudar os inquéritos com calma, mapear territórios e seus agentes criminosos”, explica o Sindepol. Com a troca de posições, como ficam as investigações já em lento andamento? E os inquéritos, que se avolumam aos milhares nas gavetas das delegacias, o que dizer aos cidadãos aflitos que aguardam por justiça? Há, sem dúvida, descontinuidade e atraso nas ações investigativas, gerando sensação de impunidade. Espera-se que nada aponte para o retrocesso e a lembrança de um lamentável tempo em que perduravam o aparelhamento policial e o mandonismo político, tal como se encontra descrito no livro “Coronelismo, enxada e voto”, de Victor Nunes Leal. Mas, quais as razões para tanta modificação? Numa área tão sensível, melhor é quebrar o silêncio, com transparência, para que não pairem dúvidas. Afinal de contas, lá na ponta de toda essa estrutura de Estado e em cada inquérito dormitando, há uma legião de seres humanos pedindo socorro.

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