Opinião
AS FÉRIAS DE JESUALDO
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Finalmente, Jesualdo apareceu. Já não o encontrava fazia algum tempo. Final do ano ele avisou que viajaria para descansar um pouco, aproveitando para conhecer cidades e visitar amigos. Agora estávamos novamente sentados na em um banco de praça, colocando as novidades em dia.
Ele contou, em algumas cidades haver alugado veículos e se hospedado em hotéis. Onde conhecia pessoas optou pelo taxi e permanecer em apartamentos dos conhecidos. Seu périplo iniciou por Dubai, uma das poucas cidades no planeta que aceitava a presença de turistas brasileiros como visitantes em época de pandemia. Ainda no aeroporto entrou na locadora Hertz e saiu dirigindo um automóvel Mercedes Benz. Ele se sentia o próprio Khalifa, líder maior da região. Encantou-se com os monumentais prédios da cidade, até que necessitou abastecer o carro à beira da estrada, sendo, abordado pelo funcionário do posto: – O senhor é a última pessoa que vai pagar o preço antigo. De agora em diante, aqueles que chegarem vão comprar gasolina a um valor novo. Animado, o Jesualdo mandou encher o tanque e depois de passar seu cartão de debito, usando o seu inglês de colégio, perguntou: – E para quanto subiu o combustível? – Não subiu, desceu dez por cento! Na programação, incluíra um safari no deserto. Jesualdo estava ansioso por participar da aventura pois poderia ver camelos, tendas com lindas moças praticando a dança do ventre, comidas gostosas, enfim pura diversão. Após assistir vários shows, resolveu circular nas redondezas, olhando para o céu notou nuvens carregadas e bem cinzentas agrupadas sobre o local onde se encontrava. Como pretendia deixar o ambiente onde estava protegido, perguntou à um dos funcionários se ele achava que iria chover. – Espero que sim, respondeu o trabalhador, olhando para o céu carregado. – Não tanto por mim, mas pelo meu filho de 6 anos. Eu já vi chuva. Jesualdo encantou-se com uma briga de falcões, tipo de rinha de galos no Brasil, que acontecia em um dos quadrantes do parque. Por não entender do assunto, pediu auxílio a um homem ao seu lado: – Por favor, qual é o falcão bom, o branco ou o cinza? – O falcão bom é o branco, respondeu o recém conhecido. Com seu espírito aventureiro mais que depressa, apostou boa quantia no branco. Com trinta segundos de briga, o falcão cinza arrebentou o opositor branco. Foi aí que Jesualdo reclamou: – Puxa… eu perguntei qual era o favorito e você me falou que era o branco. – Não. O senhor perguntou qual era o falcão bom e eu lhe apontei que era o branco. Se tivesse me perguntado qual era o malvado… Jesualdo para terminar o nosso papo falou que adorou tudo o que viu, mas que em muitas oportunidades fora traído por seu inglês quase perfeito.