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Nº 5692
Opinião

Violência contra as crianças

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Por MILTON HÊNIO. médico e membro do Conselho Estratégico da Organização Arnon de Mello | Edição do dia 17/04/2021 - Matéria atualizada em 17/04/2021 às 04h00

Ficamos admirados e preocupados com a situação atual da violência contra as crianças brasileiras. Agora, bem recente, a tragédia que aconteceu com o menor de 4 anos Henry Borel, provocada por mãe e padrasto psicopatas, principalmente o padrasto, vereador no Rio de Janeiro, de nome Jairinho. O pior é que a violência sempre escolhe os mais fracos como suas maiores vítimas: as mulheres, os velhos e as crianças. Durante esta pandemia, foi terrível o número de crianças sofredoras, maltratadas e infelizes.

Os dados estatísticos sobre a violência contra as crianças no Brasil–são gritantes. As Unidades de Emergência em quase todas as capitais brasileiras notificam a grande incidência de crianças queimadas, torturadas, espancadas e vítimas de abusos sexuais por padrastos e parentes que convivem com elas. É inacreditável o volume desses casos e o número de pessoas psicopatas incuráveis que vivem entre nós. Temos no Brasil perto de 30 milhões de crianças abandonadas. Cada uma com a sua história. São frutos da miséria, de pais separados, da tentativa de sobrevivência. E o pior, se perdem; as meninas se prostituem e os adolescentes tomam drogas e se tornam delinquentes, na maioria das vezes. Essa violência contra as crianças hoje, tornou-se preocupante, porém ela sempre existiu em todos os tempos, desde que o mundo existe. O nascimento de Jesus, por exemplo, foi marcado pela matança de crianças ordenada por Herodes, um psicopata. Na Roma antiga, os pais tinham o direito de abandonar o filho caso não gostasse dele, para que morresse de frio ou fosse devorado pelos lobos. A Declaração Universal dos Direito da Criança e o Estatuto da Criança e do Adolescente, são formas jurídicas que temos para proteger a criança e o adolescente.

Com eles já caminhamos muito, mas ainda temos muita estrada pela frente. A criança marginalizada é uma consequência da distorção diante do estágio social do mundo, do atropelo entre os homens em busca de um lugar ao sol. Sem estímulos para superarem a si mesmas, transformam-se as crianças e os adolescentes que perambulam pelas ruas, numa geração perdida dentro da vida, criando para si uma visão unilateral da existência. Quando iremos resgatar nossa culpa? Que desapareça em breve esse terrível pesadelo social que é a criança na rua, abandonada, fruto da miséria, dos pais, da sociedade e dos governantes. Lembro-me de uma frase de Elizabeth Lesseur, grande estudiosa desse tema: “Na vida somos culpados não só do mal que fizemos, mas do bem que deixamos de fazer”.

Aproveito este espaço para demonstrar a minha tristeza pela partida inesperada de dois grandes amigos levados pelo Coronavírus: O jornalista Bernadino Souto Maior, dinâmico e sempre entusiasmado pela profissão de jornalista e chefe de família super dedicado. E o outro, foi o grande cinegrafista da TV Gazeta, Falcon Barros, que também de forma rápida nos deixou para sempre, atingido pelo Covid 19. Ele fez reportagens inesquecíveis durante esses 40 anos que conviveu na Organização Arnon de Mello. Que eles descansem na paz do Senhor e aqui na Terra ficarão bem guardados na memória e no coração de todos os seus amigos, como eu.

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