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Opinião

Ressurrei��o

DOM FERNANDO IÓRIO * Por que deve a pessoa humana morrer, quando deseja, intensamente, viver? Por que deve morrer, sem ter alcançado, em tantos casos, aquilo a que sempre aspirou: a felicidade? O grito dessas indagações percorre a história. Ele questio

Por | Edição do dia 09/04/2002 - Matéria atualizada em 09/04/2002 às 00h00

DOM FERNANDO IÓRIO * Por que deve a pessoa humana morrer, quando deseja, intensamente, viver? Por que deve morrer, sem ter alcançado, em tantos casos, aquilo a que sempre aspirou: a felicidade? O grito dessas indagações percorre a história. Ele questiona as religiões e não o patíbulo daquele que a religião cristã denomina como o nosso salvador, Jesus Cristo, que veio para superar a morte. Só que continua a morte existindo. Nós contemplamos, a cada instante, o escândalo do drama do morrer. O grito de desespero formulado por Calígula na obra de Albert Camus: “As pessoas morrem e não são felizes” – bem expressa a problemática da existência humana como tal. Aí o escândalo daquilo que é nossa vida e o questionamento de Deus. Se a única certeza que nós temos é de que vamos morrer, se essa certeza nos contenta, em nada se distinguiria da resposta do ateu Camus e teriam razão todos os críticos da religião, dizendo que a crença nada é mais do que um paliativo, um covarde caminho de fuga, superada resposta sem valor. Mas, que tamanho contraste! Apesar de Jesus ter morrido, por que se fala tanto nele, por que Ele nos fascina tanto? A razão pela qual a causa de Jesus continuou não foi a cruz, não foi a morte. Os discípulos do Mestre, após terem fugido para a Galiléia, logo voltaram e começaram a proclamar a Boa Nova. Como explicar tamanha mudança? Como explicar tal ousadia? A única explicação razoável é aquela na qual todos os textos insistem: após a morte vergonhosa na cruz, algo teria acontecido, provocador da mudança total na atitude dos seus seguidores: o Mestre ressurgiu, venceu a morte: “Jesus de Nazaré... Vós o crucificastes e o matastes (Atos 3.23), mas, Deus o ressuscitou... (Atos 2.24)... e disso todos nós somos testemunhas (Atos 2.32)”. Falar de Jesus e de sua mensagem, após a Cruz, só poderia ser  possível se algo grandioso tivesse  acontecido capaz de superar o escândalo da cruz e o escabroso da  morte: Deus ressuscitou Jesus. Aí a razão pela qual os seguidores do Mestre voltaram a transmitir a sua mensagem. Essa é a razão pela qual, hoje, se fala tanto nele. Com efeito, de um apenas crucificado e morto, não se falaria mais, estaria Ele desaparecido nos porões da história. Deus ressuscitou Jesus, por isso temos um forte argumento de que o mesmo vai realizar-se com cada um de nós. É o argumento de Paulo na 1ª aos Coríntios: “Deus, que ressuscitou Jesus da morte, ressuscitará, também, a todos nós pelo seu poder” (6.14). Numa palavra, a ressurreição de Jesus torna-se “a confirmação de toda a nossa expectativa escatalógica individual. Toda ela seria ilusão e engano, não tivesse acontecido a ressurreição”. Paulo está convicto. “Se Cristo não ressuscitou, é vã nossa pregação e vã vossa fé... mas Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram” (I Co 15-20). A ressurreição de Jesus torna-se a base e a precondição de nossa esperança. Ressuscitando Jesus, o próprio Deus confirma as grandes esperanças bíblicas: a esperança de que o onipotente não deixa os mortos na morte: é a esperança de que Deus é o Deus da vida. (*) É BISPO DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS.

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