Vamos crescer mesmo?
Todas as previsões, inclusive as mais conservadoras, apontam crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro entre 3,5% e 4% para este ano. Se as previsões se confirmarem o País terá um crescimento significativo se comparado com o pífio desempenho d
Por | Edição do dia 19/02/2004 - Matéria atualizada em 19/02/2004 às 00h00
Todas as previsões, inclusive as mais conservadoras, apontam crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro entre 3,5% e 4% para este ano. Se as previsões se confirmarem o País terá um crescimento significativo se comparado com o pífio desempenho de 2003 (0,3%), mas ainda bem longe das suas necessidades e potencialidades. Os principais próceres do governo federal e o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva têm enfatizado nas suas últimas declarações que o aperto do ano passado foi necessário para arrumar a casa e recuperar a credibilidade externa, e que este ano seria o ano do crescimento e do emprego. Entre a retórica e a prática existe uma distância considerável, pois ao mesmo tempo que tece loas ao desenvolvimento, o governo toma medidas que se não inviabiliza o processo de retomada do crescimento, posterga seu início. Não foi apenas a decisão do Copom de interromper o processo declinante da taxa Selic em janeiro deste ano que disseminou o temor de que estariam havendo reajustes generalizados de preços e não apenas aumentos sazonais de produtos e serviços específicos. Na esteira, o governo decidiu estabelecer o contingenciamento de R$ 6 bilhões do orçamento da União que tinha sido sancionado sem cortes, pois fora objeto de complexas negociações entre a área econômica do governo e o Congresso. Como já foi destacado, o País crescerá este ano. O cenário externo continua favorável, apesar da sinalização do FED (o banco central americano) de que a taxa básica de juros da economia dos Estados não seguirá indefinidamente baixa (está em 1% ao ano); as exportações brasileiras continuam dando mostras de vitalidade, mas o País continuará preso à camisa de força do acordo com o Fundo Monetário Internacional. O presidente brasileiro até reconhece o fato: Eu sou daqueles que acreditam que o FMI vai ter de mudar seu comportamento. Ou seja, o FMI não pode ter para o desenvolvimento dos países pobres uma única receita, que é o ajuste fiscal duro, que muitas vezes não permite que os países cresçam. Muito bem. Feita a crítica, o País espera as iniciativas práticas para reverter o movimento de aperto e contenção do desenvolvimento. Vamos esperar...