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Nº 5790
Opinião

Imut�veis rumos

O modelo econômico que vem sendo seguido pelo Brasil já dura quase uma década e não tem sido capaz de promover o desenvolvimento e muito menos melhorar a distribuição de renda. A configuração de forças que assumiu o poder com a eleição de FHC conseguiu

Por | Edição do dia 21/02/2004 - Matéria atualizada em 21/02/2004 às 00h00

O modelo econômico que vem sendo seguido pelo Brasil já dura quase uma década e não tem sido capaz de promover o desenvolvimento e muito menos melhorar a distribuição de renda. A configuração de forças que assumiu o poder com a eleição de FHC conseguiu forjar uma economia ainda mais frágil e dependente dos capitais externos. E deixou o País em uma situação ainda mais desfavorável, desprovido de seus principais ativos públicos, a maioria privatizados. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em nome da estabilidade da economia, deu continuidade à política econômica de seu antecessor. Para muitos analistas, aprofundou até o que FHC não foi capaz de realizar. Em suma, as mudanças não vieram e apesar das promessas de que elas virão, a manutenção dos rumos da economia de acordo com a cartilha do FMI sinalizam para a via conservadora. O Fundo Monetário Internacional possui uma norma que nenhum país periférico (que são os que precisam dos seus empréstimos) consegue mudar. Ao sinal de qualquer crise econômica, o receituário aplicado é o mesmo: arrocho fiscal, privatizações (aonde houver ativo interessante) e superávit primário elevado para garantir o pagamento dos credores externos. Para o Brasil, o resultado dessa política, depois de uma década, é terrível: esgarçamento do tecido social (com a generalização e banalização da violência), desemprego recorde e perda de renda dos trabalhadores. Recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística anunciou que o índice de emprego industrial caiu 0,5% em 2003 em relação ao ano anterior e a massa salarial teve redução de 4,3% no mesmo período. Mesmo um país estando em recessão, nem todos perdem ou são atingidos com a mesma intensidade. Alguns, como o capital financeiro, vêm obtendo ganhos formidáveis, como demonstrou levantamento da consultora Austin Asis que identificou nesse setor, em 2003, um resultado 6,7% melhor do que no ano anterior, o que significa lucros de R$ 13,39 bilhões. Sinais de que as esperadas mudanças ainda são apenas esperanças. Ou sonhos.

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