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Nº 5791
Opinião

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LUCIANO SIQUEIRA * Explorar todas as possibilidades de uma gestão “radicalmente” democrática tem sido quase uma obsessão na Prefeitura do Recife. Por convicção política e fidelidade aos compromissos de campanha. Vale-tudo. Do Orçamento Partici

Por | Edição do dia 04/03/2004 - Matéria atualizada em 04/03/2004 às 00h00

LUCIANO SIQUEIRA * Explorar todas as possibilidades de uma gestão “radicalmente” democrática tem sido quase uma obsessão na Prefeitura do Recife. Por convicção política e fidelidade aos compromissos de campanha. Vale-tudo. Do Orçamento Participativo - que hoje é um dos três mais expressivos do País, tendo reunido em 2003 cerca de 70 mil cidadãos - ao fortalecimento dos Conselhos Municipais e a realização de Conferências com o intuito de formular e avaliar as políticas públicas setoriais. Mais ainda: esforçamo-nos por estabelecer, na medida do possível, contato direto com o cidadão, individualmente. Caso do vice-prefeito, por exemplo, que mantém intensa correspondência e ouve com atenção todos os que o abordam na rua. O resultado tem sido fundamentalmente positivo. Aprendemos mutuamente - governantes e cidadãos. Mas há exageros. Como de um eleitor que nos envia inúmeras mensagens pelo correio eletrônico, pedindo explicações detalhadas sobre os mais diversos problemas - e o detalhe pode incluir, por exemplo, as medidas exatas da antiga ponte giratória, que teve parte da mureta de proteção semidestruída recentemente. Pois bem. Outro dia, justamente o detalhista nos aborda em plena fila do cinema e, após cordial cumprimento, identifica-se e prorrompe em perguntas e pedidos de esclarecimento. De nada adianta lhe dizer que a fila começa a andar e que não podemos perder um bom lugar na sala de exibição. Nada ouve, tudo fala. “E a ponte giratória - por que não foi consertada ainda? Custa muito? Quanto? Quando será a licitação? Aquelas placas da Avenida Norte já foram totalmente recuperadas? Qual a média de alunos nas escolas da rede municipal? E a programação do carnaval? Quantos artistas vão se apresentar - quais são os daqui e quais são os de fora? Quantas casas a atual gestão já construiu? E Brasília Teimosa, tem prazo para a conclusão da obra? Quantas pessoas já foram atendidas pelo Banco do Povo? O senhor acha que o prefeito se reelege? Vai ter segundo turno? Lula vem para a campanha? Por que não?...” Mal escuta quando dizemos “até logo, bom fim de semana”. À distância, ainda pede que lhe responda tudo por escrito. “Se possível, com detalhes”. O filme Deus é brasileiro, despretensiosa produção nacional feita para divertir, surtiu o efeito de um bálsamo. Quanto ao inusitado diálogo com detalhista, restou a impressão de que a gestão democrática é necessária - mas deve ter lá seus limites... (*) É VICE-PREFEITO DA CIDADE DO RECIFE

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